A ciência está cada vez mais se transformando em um ecossistema interconectado, onde os avanços em uma área influenciam outras. Essa convergência de campos foi o tema central da conferência de Anderson de Rezende Rocha, professor do Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas (IC-Unicamp) e coordenador do Laboratório de Inteligência Artificial “recod.ai”, na Escola Interdisciplinar FAPESP.
Rocha destacou que a revolução atual não se limita à inteligência artificial (IA), mas envolve a intersecção de quatro componentes fundamentais: Bits, Átomos, Neurônios e Genes, designados pela sigla BANG. Ele enfatizou que esses elementos são os pilares da revolução científica e tecnológica contemporânea.
Convergência de Tecnologias
Na visão de Rocha, a ciência e a engenharia atuais estão intrinsecamente conectadas, gerando vastos volumes de dados. O conceito de BANG engloba:
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- Bits: Relacionados à computação e a dados digitais.
- Átomos: Referindo-se a novas pesquisas em materiais, energia limpa e transportes, incluindo carros elétricos.
- Neurônios: Envolvem grandes investimentos em neurociência e inteligência.
- Genes: Relacionados à biotecnologia e edição genética.
A convergência dessas áreas não é linear, mas sim exponencial, resultando em cinco tecnologias-chave: Genética (G), Nanotecnologia (N), Robótica (R), Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial (AI). Rocha mencionou que blockchain e computação quântica estão se juntando a essa lista, formando o que denominou de "tecnologias exponenciais".
Exemplos de Transformação
Um exemplo prático da convergência de G e AI é o CRISPR-Cas9, uma ferramenta de edição genética que permite modificações precisas no DNA com a ajuda da IA, como demonstrado na rapidez do desenvolvimento da vacina Pfizer/BioNTech durante a pandemia.
Rocha também discutiu inovações em nanotecnologia, como as cápsulas endoscópicas, que capturam imagens do sistema gastrointestinal. Destacou ainda o avanço dos smartphones, que possuem mais poder computacional do que os gigantescos computadores usados nas missões lunares de 1969.
Desafios da Inteligência Artificial
Rocha abordou também as controvérsias em torno da IA. Ele argumentou que, ao contrário de mitos populares, a IA não busca dominar os humanos, mas é uma ferramenta que deve ser usada de forma crítica e ética. De acordo com ele, a IA deve ser vista como uma técnica de engenharia, composta por etapas de recebimento, processamento e aprendizado de dados.
Recentemente, Rocha foi questionado sobre as possíveis ameaças da IA. Sua resposta enfatizou que a tecnologia, como os modelos transformers utilizados atualmente, é baseada em matrizes matemáticas conhecidas, e não em algo que possa dominar o mundo. O verdadeiro desafio reside em quem realmente controla essa tecnologia.
A Necessidade de Uma Reflexão Crítica
Rocha concluiu enfatizando que a regulação da IA deve ser uma questão social e não apenas técnica. A promoção de um pensamento crítico em relação à IA é crucial para evitar que ela substitua a inteligência humana. Ele deixou aos participantes a reflexão: estamos realmente democratizando a IA? Ou apenas focando na tecnologia sem abordar o acesso e o entendimento crítico?
Para mais informações sobre essas reflexões e novas tecnologias, visite o portal do recod.ai: recod.ai.
Informações da Agência FAPESP
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