Pesquisador aponta que mudanças climáticas e urbanização estão ‘esmagando’ as praias

Por Redação
4 Min

Mudanças Climáticas e o Impacto nas Praias: Um Alerta para o Futuro

Em todo o mundo, as praias enfrentam um processo de "esmagamento" devido à combinação de mudanças climáticas e urbanização crescente nas zonas costeiras. Este fenômeno não apenas prejudica a biodiversidade local, mas também ameaça atividades econômicas como a pesca e o turismo, tornando as cidades litorâneas mais vulneráveis ao avanço do mar.

Durante o simpósio FAPESP Day Uruguay, o cientista marinho uruguaio Omar Defeo, professor da Universidad de la República (UdelaR), destacou que "quase a metade das praias poderá desaparecer até o fim do século". Ele enfatizou a importância da colaboração entre cientistas do Uruguai, Brasil e Argentina na gestão e conservação dos ecossistemas costeiros, ressaltando que os recursos marítimos são compartilhados entre estes países.

Compreendendo o Ecossistema Costeiro

O ecossistema costeiro é dividido em três zonas:

  1. Duna (pós-praia): Onde a areia se acumula pelo vento.
  2. Praia (face praial): Faixa de areia submersa durante a maré alta e exposta na maré baixa.
  3. Parte submersa (antepraia): Extensão da maré baixa até onde as ondas quebram.

Essas zonas estão interligadas e são cruciais para o equilíbrio ambiental. O vento e as ondas promovem uma troca constante de sedimentação, onde cada zona sustenta a outra. A degradação da duna, frequentemente resultado da urbanização, pode levar à destruição de propriedades litorâneas.

O Impacto da Urbanização

Em um estudo em colaboração com pesquisadores brasileiros apoiados pela FAPESP, Defeo e sua equipe demonstraram que a urbanização em qualquer uma das três zonas costeiras tem efeitos nocivos sobre o ecossistema como um todo. O trabalho liderado pelo pesquisador brasileiro Guilherme Corte analisou a biodiversidade em 90 locais ao longo de 30 praias do litoral norte de São Paulo.

Os resultados, publicados no Marine Pollution Bulletin, revelaram que a densidade de banhistas é a variável de urbanização mais impactante, correlacionando-se negativamente com a riqueza de espécies e biomassa nas zonas submersas. A presença de construções na areia e atividades de limpeza mecânica também afetam negativamente a diversidade biológica. Curiosamente, a abundância de algumas espécies oportunistas, como poliquetas, aumenta nas áreas urbanizadas, devido à maior disponibilidade de nutrientes.

A Erosão das Praias Globalmente

Outro estudo de Defeo, publicado na Frontiers in Marine Science, revelou que cerca de um quinto das 315 praias analisadas globalmente enfrenta erosão intensa ou severa. Os pesquisadores investigaram fatores como aumento do nível do mar e padrões de vento e ondas, observando que a atividade humana é um componente significativo, especialmente em praias refletivas e intermediárias.

Conclusão

O simpósio FAPESP Day Uruguay destacou a urgência da pesquisa e cooperação internacional na gestão das praias. Com a presença de especialistas como Marcelo Dottori, da Universidade de São Paulo (USP), e Cristiana Seixas, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o evento ressaltou a necessidade de um esforço coletivo para mitigar os impactos das mudanças climáticas nas zonas costeiras.

Para mais informações sobre o evento, acesse fapesp.br/week/2025/uruguay.

Informações da Agência FAPESP

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