Prioridades para o Bem-Estar Social e as Mudanças Climáticas
A crescente urgência das mudanças climáticas exige que priorizemos os problemas que impactam diretamente o bem-estar social. Mariana Mazzucato, professora da University College London e referência na economia contemporânea, enfatizou essa necessidade durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).
Mazzucato defende que é essencial organizar o Estado, a economia e a inovação para abordar os desafios sociais, unindo o conceito de "Estado empreendedor" com o de bem-estar social. Ela refuta a ideia de restrições orçamentárias que países, especialmente os mais ricos, frequentemente utilizam para evitar financiar ações climáticas. Para ela, "quando se quer fazer algo, o dinheiro é criado".
O Conceito de Bem Comum
A economista argumenta que precisamos desenvolver uma "teoria do bem comum", que vai além do conceito de bem público. Segundo Mazzucato, o bem comum considera o respeito, a dignidade e o valor das relações humanas, fundamentais para a construção de um futuro sustentável. Ela sugere que o conhecimento indígena desempenha um papel crucial na definição do que é o bem público, superando as limitações da visão econômica tradicional.
É vital não apenas preservar, mas também valorizar o conhecimento tradicional, integrando-o nas estruturas de governo, economia e inovação.
A Economia Invisível dos Povos Indígenas
André Baniwa, consultor de medicinas indígenas, destacou a importância dos serviços ecossistêmicos prestados pelos povos indígenas, que formam uma economia invisível. Essa economia sustenta o meio ambiente – incluindo florestas, rios e lagos – mas ainda não recebe o reconhecimento necessário.
A relação que os povos indígenas mantêm com a floresta é fundamental para o desenvolvimento sustentável e é essencial para a sociobieconomia, um modelo que valoriza a biodiversidade e o conhecimento tradicional. Essa abordagem é a base da iniciativa Amazônia+10, que visa financiar pesquisas na região.
Inovação e Regulação do Conhecimento Tradicional
João Reis, representante da Amazônia+10, reforçou a importância de integrar conhecimentos tradicionais nos projetos apoiados pela iniciativa. Um dos focos é fomentar uma bioeconomia centrada nas comunidades locais, superando barreiras sem impor uma lógica de mercado que não se alinha aos valores tradicionais.
Nirvia Ravena, professora da Universidade Federal do Pará, afirmou que são os povos originários que devem definir como seus conhecimentos e práticas devem ser integrados ao mercado. O aprendizado sobre a inovação originária é essencial para permitir um diálogo respeitoso e efetivo.
Conclusão
A discussão sobre mudanças climáticas e bem-estar social deve incorporar as vozes e os conhecimentos dos povos indígenas. É necessário um compromisso coletivo para valorizar a diversidade cultural e a sustentabilidade ambiental, criando políticas que respeitem e integrem esses saberes.
Informações da Agência FAPESP
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