Como a Integração da Ciência com o Conhecimento Tradicional Impulsiona a Pesquisa Oceânica

Por Redação
4 Min

Integração do Conhecimento Tradicional e Científico nas Negociações Climáticas

Nos últimos 30 anos, as negociações climáticas internacionais têm tratado elementos fundamentais para a vida na Terra, como clima, solo, rios, oceanos e comunidades, de maneira isolada. Essa abordagem fragmentada, segundo Patrícia Suárez, da Fundação Gaia Amazonas, precisa mudar. Para criar uma visão holística das complexas interações e efeitos das mudanças climáticas, é essencial a colaboração entre o conhecimento científico e o saber dos povos tradicionais.

A Importância da Conexão entre Ciência e Saberes Tradicionais

Na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), Suárez destacou que “a chuva que cai na Amazônia começa no oceano”, enfatizando a interdependência entre essas ecologias. A preservação dos rios, que os povos indígenas ajudam a manter, está diretamente conectada ao oceano. Para que soluções efetivas para a conservação marinha sejam desenvolvidas, é crucial integrar a ciência com outros sistemas de conhecimento, especialmente o indígena.

Como Suárez afirmou, os povos indígenas estão prontos para colaborar com cientistas e outras partes interessadas para garantir a saúde dos rios e oceanos. A Fundação Gaia Amazonas, que representa 64 comunidades, foi criada para articular pesquisa científica com políticas públicas e o conhecimento ancestral sobre mudanças climáticas.

Ciência Oceânica como Ferramenta para Preservação

A integração de saberes é vital para o avanço da pesquisa oceânica. Segundo Alexander Turra, professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP), a comunicação científica deve promover a unificação do conhecimento fragmentado. Ele argumentou que a pesquisa deve se basear na construção conjunta de soluções em colaboração com comunidades e no reconhecimento de diferentes modelos de conhecimento.

Transdisciplinaridade na Pesquisa Oceânica

Megha Sud, diretora científica do Conselho Internacional de Ciência, destacou a necessidade de uma abordagem transdisciplinar na pesquisa oceânica, capaz de responder à complexidade do oceano. Isso implica depor projetos de curto prazo e integrar questões interconectadas. Sud sugeriu que a pesquisa deve incorporar diversas partes interessadas, incluindo comunidades locais e formuladores de políticas, para cocriação e implementação de soluções.

Iniciativas de Alfabetização Oceânica e Ciência Cidadã

Uma estratégia eficaz para promover pesquisas integradas é o desenvolvimento de projetos de alfabetização oceânica e ciência cidadã. Lorna Inniss, da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da Unesco, compartilhou que uma parceria com a Rede de Observação Pesqueira pretende instalar instrumentos de baixo custo em barcos pesqueiros, coletando dados oceânicos essenciais.

Essa iniciativa contribuirá para melhorar a previsão de furacões e identificar locais de pesca, ao mesmo tempo em que capacitará pescadores a utilizar os dados coletados.

Saúde Pública e Conservação dos Oceanos

A relação entre mudanças climáticas e saúde pública também emergiu como um ponto crítico nas discussões recentes. Paulo Gadelha, pesquisador da Fiocruz, ressaltou que a crise climática pode impactar a saúde global. Portanto, promover a conscientização sobre essa conexão pode expandir a percepção do público sobre a importância dos oceanos.

Conclusão

Em suma, a integração de conhecimento científico com saberes tradicionais é fundamental para enfrentar os desafios das mudanças climáticas. A colaboração mútua, a pesquisa transdisciplinar e a educação comunitária desempenham papéis cruciais na preservação dos oceanos e na construção de um futuro sustentável.

Informações da Agência FAPESP

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