Perda de Habitat Coloca em Risco a Anta-Brasileira na Mata Atlântica

Por Redação
3 Min

Impactos da Fragmentação Florestal na Anta-Brasileira na Mata Atlântica

A fragmentação florestal é um dos principais fatores que ameaçam a anta-brasileira (Tapirus terrestris) na Mata Atlântica. Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) analisou a ocorrência desta espécie em 42 paisagens no Estado de São Paulo, utilizando armadilhas fotográficas entre 2014 e 2019, além de mapas de uso do solo e imagens de satélite para examinar a cobertura florestal e os tamanhos dos fragmentos.

Os resultados, publicados na Biological Conservation, revelam que a quantidade de floresta não é o único determinante para a presença da anta. A configuração da paisagem, que inclui o número de fragmentos e a densidade de bordas, também é crucial: quanto mais fragmentada e isolada a floresta, menor a probabilidade de encontrar a espécie.

A Importância da Anta na Ecologia

As antas desempenham um papel vital nos ecossistemas tropicais. Conhecidas como "jardineiras das florestas", elas atuam como dispersoras de grandes sementes, contribuindo para a regeneração da vegetação e a manutenção do estoque de carbono. Infelizmente, a devastação da Mata Atlântica tem dificultado a preservação desta importante espécie.

Embora a anta seja encontrada em diversos biomas do Brasil, o foco do estudo está nas áreas interiores da Mata Atlântica, que têm uma vegetação mais seca. Estas regiões sofreram desmatamento desde o período colonial, deixando poucos fragmentos remanescentes. O pesquisador André Regolin, do Instituto de Biociências da Unesp, destaca que o arranjo dos fragmentos florestais é fundamental para a sobrevivência da anta. Fragmentos próximos entre si ou de tamanho mínimo adequado aumentam as chances de encontrar a espécie, enquanto paisagens fragmentadas reduzem sua presença.

Ameaças Adicionais à Anta-Brasileira

A fragmentação not only causa a diminuição da população de antas, mas também incrementa outros problemas relacionados à conservação da biodiversidade. O aumento de rodovias divida áreas naturais, resultando em mais atropelamentos, enquanto a caça se torna uma ameaça maior em ambientes fragmentados. Regolin ressalta que mesmo áreas com formatos irregulares aumentam a vulnerabilidade do interior da floresta.

Estratégias de Conservação

Para mitigar esses problemas, é essencial restaurar e reconectar fragmentos florestais. Uma estratégia de conservação eficaz envolve aproximar esses fragmentos, restaurando as áreas degradadas entre eles. Essas conexões permitem o efeito de resgate, onde uma população saudável pode apoiar outra em declínio.

Trabalhos como o deste estudo são fundamentais para identificar áreas que precisam de proteção, salientar a importância de conectar esses espaços e avaliar o risco de extinção das espécies. Compreender a distribuição das populações e estimar seu tamanho são etapas cruciais para analisar o risco de extinção em diferentes regiões.

O artigo Habitat fragmentation explains the occupancy probability of the largest herbivore in the Neotropical forests pode ser consultado em ScienceDirect.

Informações da Agência FAPESP

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