Impacto da Chuva e Temperatura na Fauna de Mosquitos em Bromélias da Mata Atlântica: Vetores da Malária

Por Redação
4 Min

Malária: O Papel do Mosquito Anopheles Cruzii no Brasil

A malária é uma preocupação de saúde pública no Brasil, especialmente no Sul e Sudeste, onde a transmissão pelo mosquito Anopheles cruzii foi alarmante nos anos 1940, registrando cerca de 4 mil casos por 100 mil habitantes. Naquela época, a doença era conhecida como bromélia-malária, devido ao fato de que o subgênero Kerteszia desse mosquito se desenvolve exclusivamente em bromélias, que acumulam água em condições favoráveis para a proliferação de mosquitos.

Importância Epidemiológica e Casos Recentes

Embora atualmente a malária seja uma preocupação menor na região, ela ainda apresenta importância epidemiológica. Entre 2017 e 2024, foram confirmados 77 casos no Estado de São Paulo. Compreender o ciclo de vida e as condições que favorecem a sobrevivência dos vetores é crucial para evitar surtos, já que a malária é endêmica na Amazônia.

Estudo sobre a Presença de Larvas em Bromélias

Um estudo publicado na revista Scientific Reports por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP) monitorou a presença de larvas de mosquitos em bromélias da Área de Proteção Ambiental (APA) Capivari-Monos por dois anos. O estudo revelou que a quantidade de chuva e a temperatura influenciam diretamente o volume de água acumulado nas bromélias, afetando características físico-químicas da água como pH e oxigênio dissolvido, que, por sua vez, influenciam o desenvolvimento das espécies de mosquitos.

Mudanças Climáticas e Transmissão de Malária

Pesquisas indicam que as mudanças climáticas alteram os padrões de transmissão da malária. Projeções sugerem que áreas da África Oriental e da América do Sul poderão se tornar mais propensas à malária, enquanto regiões atualmente endêmicas podem ver uma redução nas taxas de infecção. Conhecer os fatores que contribuem para o desenvolvimento dos vetores é essencial para a prevenção.

Coleta de Dados e Análise Estatística

Os dados foram coletados entre 2015 e 2017, durante o doutorado de Antônio Ralph Medeiros de Sousa. As coletas incluíram medidas de água, pH, salinidade e oxigênio dissolvido em bromélias, além da captura de larvas. Análises estatísticas testaram a relação entre chuvas, temperatura e as características da água, bem como a diversidade de mosquitos.

Resultados e Implicações

O estudo coletou 523 indivíduos de 23 espécies, incluindo o vetor Anopheles cruzii. Resultados mostraram que tanto a riqueza quanto a abundância dos mosquitos variaram conforme o pH e a salinidade da água. A pesquisa sugere que, sob cenários de mudança climática, pode haver um aumento na abundância do vetor da malária, impactando a saúde pública.

Considerações Finais

Embora não se identifique um risco imediato de expansão da malária, o estudo fornece insights sobre como fatores ambientais moldam populações de vetores. a compreensão da dinâmica de transmissão é vital, especialmente em um cenário de mudanças climáticas, expansão urbana e desmatamento. A vigilância contínua e a pesquisa são essenciais para preparar políticas de saúde pública eficazes.

O artigo completo pode ser lido em: Scientific Reports.

Informações da Agência FAPESP

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