Simpósio em São Carlos: Inovação Circular e Justiça Social em Debate Pré-COP30

Por Redação
4 Min

Simpósio Internacional Austrália-Brasil: Ecossistemas de Inovação Circular

A Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP) promoverá, nos dias 5 e 6 de novembro, o Simpósio Internacional Austrália-Brasil: Ecossistemas de Inovação Circular. Este evento visa criar inovações radicais e disruptivas para a gestão inclusiva de ecossistemas circulares.

A economia circular no Brasil é amplamente fundamentada no trabalho de cooperativas e catadores. Aldo Roberto Ometto, presidente da comissão organizadora, destaca a importância de integrar regeneração ambiental, negócios e inclusão social. Ele coordena o CEPID Bridge, um centro de pesquisa financiado pela FAPESP que busca promover transições sustentáveis.

O Papel da Comunidade na Economia Circular

Túlio de Lima, engenheiro ambiental da EESC-USP e organizador do simpósio, ressalta a necessidade de ouvir os atores comunitários antes de implementar soluções tecnológicas. O primeiro dia do evento será dedicado a essas vozes. O Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2024, publicado pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), revela que a taxa de reciclagem do Brasil é apenas 8%, sendo que dois terços desse valor são coletados por catadores.

As cooperativas, por sua vez, apresentam índices de reciclagem superiores a 80%, com algumas alcançando até 97%. Ometto enfatiza que esses trabalhadores são essenciais para a economia circular, mas continuam invisíveis. Com mais de 3 mil cooperativas operando no país e aproximadamente 70 mil trabalhadores organizados, a meta da Política Nacional de Resíduos Sólidos é quadruplicar a reciclagem nos próximos anos.

Colaboração Internacional

A ideia do simpósio surgiu durante uma visita de Ometto à Griffith University, na Austrália. Com o apoio da FAPESP e do Capes-PrInt, ele explorou a sinergia entre a inovação social no contexto australiano e brasileiro. Agora, professores e especialistas australianos compartilharão experiências focadas em comunidades vulneráveis e modelos de negócios inovadores.

O primeiro dia contará com a participação de representantes de comunidades indígenas e catadores, além de apresentar soluções desenvolvidas por cooperativas. Haverá discussões sobre justiça social e inovação em comunidades.

Tecnologias e Práticas Sustentáveis

No segundo dia do simpósio, especialistas australianos apresentarão tecnologias e práticas de inovação já implementadas em comunidades remotas. Será discutido o empreendedorismo social em ecossistemas regenerativos. A organização Marulho, por exemplo, mostrará suas iniciativas de recuperação de plásticos do mar.

Outro destaque será o Passaporte Digital de Produtos, que permite rastrear informações ao longo dos processos da economia circular. A gestão integrada de ecossistemas de inovação será central nas discussões, buscando construir redes colaborativas entre pesquisadores, governo, empresas e comunidades.

Conclusões e Propostas para a COP30

Após o simpósio, a comitiva irá a Belém (PA) para participar da COP30, onde apresentarão as conclusões e propostas desenvolvidas em São Carlos. Ometto destaca que o Brasil é um país com potencial para oferecer soluções regenerativas em larga escala, aliado a uma nova mentalidade e modelos de negócio que promovam a diversidade e a criação de valor compartilhado.

Esse evento representa uma oportunidade crucial para alinhar esforços em torno da economia circular e da justiça social, promovendo um futuro mais sustentável.

Informações da Agência FAPESP

Compartilhe Isso