Imagem Acessível: Técnica Inovadora Previsível de Riscos Cardíacos em Pacientes com Doença de Chagas

Por Redação
4 Min

Um exame de imagem avançado, chamado índice global longitudinal strain (GLS), está se mostrando uma ferramenta promissora para prever complicações cardíacas em pacientes com doença crônica de Chagas. Realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, em colaboração com a Duke University e Yale, o estudo recente aponta o GLS como um marcador sensível e independente para a cardiomiopatia chagásica crônica. Os resultados foram publicados na revista PLOS Neglected Tropical Diseases.

O que é a Cardiomiopatia Chagásica Crônica?

A cardiomiopatia chagásica crônica é uma das principais sequelas da doença de Chagas, causada pelo parasita Trypanosoma cruzi. Essa condição prejudica gradualmente o tecido cardíaco, resultando em inflamação, fibrose e, em casos severos, insuficiência cardíaca. A infecção pode permanecer assintomática por décadas antes de levar a complicações como arritmia e morte súbita.

Como Funciona o Índice GLS?

O GLS é um método de ecocardiografia que avalia a deformação do miocárdio durante a contração. Utilizando a técnica de "speckle tracking", é possível identificar se o coração está se deformando adequadamente. Análises mostram que uma deformação inadequada pode indicar a presença de fibrose, um precursor para complicações cardíacas.

“Quando o miocárdio não se deforma bem, isso sugere fibrose no tecido, um sinal de risco elevado para problemas futuros”, afirma Minna Moreira Dias Romano, professora da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP.

Resultados do Estudo

No estudo, foram analisados dados de 77 pacientes com cardiopatia chagásica crônica durante um acompanhamento de três anos. Os pacientes foram classificados em grupos com base em seus valores de GLS. Os desfechos incluíram taxa de mortalidade, hospitalizações e eventos cardioembólicos. Os resultados indicaram que aqueles com GLS maior ou igual a -13,8% apresentaram um prognóstico mais severo.

Aplicabilidade do GLS

Embora a técnica GLS já seja usada em outras cardiopatias, o estudo sugere que ela pode ser igualmente eficaz na monitorização da evolução da doença de Chagas, especialmente em áreas com diagnóstico limitado. A pesquisadora ressalta que outros índices já foram validados, mas este estudo é inovador ao demonstrar o papel do GLS como um prognosticador independente.

Comparação com Outros Métodos

O escore Rassi, um método já estabelecido para avaliação de risco na cardiopatia chagásica, considera seis variáveis, mas ainda apresenta limitações nos casos intermediários. Para detecção de fibrose, a ressonância magnética é mais precisa, mas é cara e inacessível em muitas regiões. Em contraste, a ecocardiografia com GLS é mais acessível e pode ser realizada repetidamente, servindo como um importante marcador de risco, especialmente em locais com poucos diagnósticos.

Desafios e Oportunidades

Apesar de sua eficácia, a implementação do GLS em larga escala enfrenta desafios, como a necessidade de conhecimento técnico e interpretação especializada. No entanto, essa técnica representa um avanço significativo na estratificação de risco e no acompanhamento da cardiomiopatia chagásica crônica, oferecendo aos profissionais de saúde uma ferramenta valiosa para diagnósticos mais assertivos.

Para uma análise mais detalhada, você pode acessar o artigo "Global longitudinal strain as a predictor of outcomes in chronic Chagas’ cardiomyopathy" aqui.

Informações da Agência FAPESP

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