Potencial das Bordas Urbanas para Restauração Florestal: Um Estudo Revelador

Por Redação
4 Min

Potencial de Restauração Florestal nas Bordas Urbanas de São Paulo

Um estudo realizado na Universidade de São Paulo (USP) pelo Núcleo de Análise e Síntese de Soluções Baseadas na Natureza (BIOTA Síntese), um Centro de Ciência para o Desenvolvimento da FAPESP, revelou que existem cerca de 410 mil hectares no Estado de São Paulo com potencial para restauração florestal nas bordas urbanas.

Essas áreas periféricas dos centros urbanos, que incluem bairros residenciais, terras agrícolas e zonas recreativas, geralmente não são consideradas em levantamentos para a restauração florestal. O total identificado no estudo representa quase um terço da meta estadual de recuperar 1,5 milhão de hectares até 2050.

Benefícios da Restauração nas Bordas Urbanas

As bordas urbanas apresentam um potencial significativo para a restauração, uma vez que estão próximas das cidades e de suas populações, otimizando os benefícios associados. Segundo a pesquisadora Luciana Schwandner Ferreira, a taxa de regeneração nessas áreas superou o desmatamento desde 2005, apesar da crescente pressão urbana.

A pesquisa analisou dados de desmatamento e regeneração entre 1990 e 2020, utilizando informações do projeto MapBiomas. Os resultados mostraram que todas as regiões estudadas já vivenciaram uma transição florestal, com as bordas urbanas apresentando as maiores taxas de regeneração, mesmo sem políticas públicas específicas para essa finalidade.

Importância da Proximidade com Áreas Conservadas

A macrometrópole paulista, que abrange 174 municípios, é um local estratégico para a restauração nas bordas urbanas. A proximidade com áreas bem preservadas, como o Parque Estadual da Serra do Mar, pode facilitar a regeneração natural, reduzindo custos de restauração. Ademais, essa proximidade aumenta a acessibilidade para mão de obra, gerando empregos locais.

Benefícios Ambientais e Sociais da Restauração

Os pesquisadores ressaltam que projetos de restauração são mais viáveis em áreas onde o custo de oportunidade da terra é menor. A restauração nas bordas urbanas não apenas recupera a biodiversidade, mas também melhora a saúde e o bem-estar humano, regula o clima e aprimora a qualidade da água e do ar.

Números Importantes

Os 410 mil hectares identificados como potenciais para restauração correspondem a 51% da área total dessas regiões, impactando positivamente 32,7 milhões de pessoas na macrometrópole paulista. Além disso, 39 mil hectares estão localizados em áreas de risco que exigem restauração urgente, de acordo com o Código Florestal.

Desafios e Estratégias para Restauração

Os autores do estudo alertam que as bordas urbanas são territórios disputados, frequentemente destinadas à expansão urbana ou à agricultura familiar. Portanto, os esforços para restauração devem considerar a coexistência com outros usos da terra e evitar repercussões sociais, como o deslocamento de populações vulneráveis.

A diversidade socioambiental nessas áreas exige estratégias de restauração adaptadas. Alguns locais podem priorizar a regeneração natural, enquanto em outros, pode ser necessário implementar modelos produtivos que integrem cultivos de espécies nativas.

O estudo foi suportado por meio de projetos da FAPESP, incluindo uma iniciativa focada em resiliência e adaptação às mudanças climáticas nas cidades.

A pesquisa, intitulada “Bordas Urbanas: uma Fronteira Pouco Exploradas para Restauração Ecológica”, pode ser acessada na revista Scientific Reports. Para mais informações, veja o artigo completo aqui.

Informações da Agência FAPESP

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