Amazônia: A Diversidade das Populações e a Importância da Voz de Christiane Taubira

Por Redação
4 Min

Amazônia e Justiça Social: Reflexões de Christiane Taubira na COP30

Em um contexto internacional repleto de tensões e um crescente enfraquecimento de instituições multilaterais, a economista e ex-ministra da Justiça da França, Christiane Taubira, apresenta uma nova perspectiva para a Amazônia, centrada na justiça social.

Com a COP30 se aproximando em Belém, as propostas de Taubira se destacam como um convite ao diálogo, reimaginando as estruturas globais a partir da floresta, considerando suas complexidades e vivências internas.

“A Amazônia é plural. É uma grande entidade geográfica, fragmentada em nove histórias nacionais diferentes. A floresta não é apenas uma paisagem natural, mas um espaço de vida, cultura e história. Existem vidas nas Amazônias, cidades muito modernas, que ainda preservam tradições”, declarou Taubira durante a 8ª Conferência FAPESP, com o tema “A Amazônia Contemporânea e os Desafios da Justiça Social”.

Crítica às Instituições Multilaterais

Taubira criticou as instituições que, em sua visão, tratam a Amazônia como um espaço vazio. “Fala-se em proteger ‘o pulmão do mundo’, mas as Nações Unidas a veem como um lugar deserto, ignorando que há vidas e modos de existência enraizados ali”, completou.

A economista, que possui raízes na Amazônia, enfatizou uma frase de Nelson Mandela: "O que vocês fazem por nós sem nós, vocês fazem contra nós". Ela recordou suas lutas passadas, como a participação na Rio 92, onde se opôs à proposta do governo francês de criar um parque que englobaria 40% da Guiana Francesa sem considerar as populações locais.

Trajetória Política e Contribuições

Com uma rica trajetória política de 19 anos no parlamento francês e cinco no europeu, Taubira é reconhecida pela aprovação de leis significativas que reconhecem a escravidão como crime contra a humanidade, proíbem minas terrestres e responsabilizam os testes nucleares franceses. Durante seu tempo como ministra da Justiça entre 2012 e 2016, foi uma defensora do casamento igualitário e da transparência nas políticas públicas.

Recentemente, Taubira aprofundou sua conexão com o Brasil ao assumir a 12ª Cátedra José Bonifácio da Universidade de São Paulo (USP), onde desenvolve a pesquisa “Sociedades amazônicas: Realidades plurais, um destino comum?”. Essa pesquisa resultou no livro Amazônias: Espaço Vivo, Social, Político, que será lançado na COP30 para promover visibilidade aos povos da região.

Estruturas de Poder e Linguagem

Para Taubira, as atuais estruturas de poder global estão distantes das realidades contemporâneas. “A governança multilateral atual é um reflexo do mundo pós-Segunda Guerra, incapaz de assegurar uma ordem mundial efetiva”, afirma.

Ela também destaca a importância da poesia como um meio de conexão e compreensão entre as pessoas, afirmando que "a poesia nos convida a ir constantemente em direção ao outro".

A palestra “A Amazônia Contemporânea e os Desafios da Justiça Social” pode ser assistida aqui.

Conclusão

As reflexões de Christiane Taubira sobre a Amazônia evidenciam a necessidade de uma abordagem que valorize as vivências locais e promova uma justiça social verdadeira. O diálogo aberto e a inclusão dos povos amazônicos são essenciais para repensar o futuro da região em um cenário global cada vez mais interconectado.

Informações da Agência FAPESP

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