Três economistas foram laureados com o Prêmio Nobel de Economia, anunciado na manhã de segunda-feira (13/10). Os vencedores são: o holandês naturalizado norte-americano Joel Mokyr, da Universidade Northwestern; o francês Philippe Aghion, do Instituto Europeu de Administração de Empresas (Insead) e da London School of Economics; e o canadense Peter Howitt, da Universidade Brown.
A Academia Real de Ciências da Suécia premiou o trio com um total de 11 milhões de coroas suecas, equivalente a aproximadamente R$ 6,23 milhões. Metade do valor foi concedida a Mokyr, reconhecido por sua pesquisa sobre “pré-requisitos para crescimento sustentável através do progresso tecnológico”. Aghion e Howitt compartilharam a outra parte por sua contribuição à “teoria de crescimento sustentado por meio da destruição criativa”.
Este é o terceiro ano consecutivo em que o Nobel de Economia reconhece contribuições no campo da história econômica. Segundo o historiador Leonardo Weller, professor na Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EESP-FGV), as escolhas recentes do prêmio refletem uma crescente valorização acadêmica dos limites da teoria econômica, destacando a necessidade de entender o passado para explicar o presente.
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Mokyr, um dos laureados, é destaque na pesquisa sobre a história econômica da Europa, com ênfase na Revolução Industrial do século 18. Thales Zamberlan Pereira, economista da EESP, destaca que Mokyr é conhecido por defender a relação entre a expansão do Iluminismo e a Revolução Industrial. Essa conexão é crucial, pois a Revolução Industrial marca o início do desenvolvimento econômico sustentável de longo prazo.
Mokyr desenvolveu duas linhas de pesquisa significativas. A primeira investiga por que o Iluminismo surgiu na Europa, onde havia um ambiente propício para a troca de ideias. Em ambientes políticos fragmentados, as ideias circulavam livremente, levando a inovações associadas ao Iluminismo. A segunda linha explora por que a Revolução Industrial ocorreu na Inglaterra e não em outros países europeus. Suas descobertas indicam que, a partir do final do século 17, a expansão da rede de transporte inglesa possibilitou o desenvolvimento de regiões com baixo potencial agrícola, impulsionando atividades manufatureiras.
As pesquisas de Mokyr demonstram que a qualidade dos artesãos era resultado de um sistema de treinamento profissional, que no início do século 18 abrangia mais de um quarto dos homens com 21 anos. Mokyr argumenta que o sucesso da Inglaterra estava em sua capacidade de implementar microinovações, aplicando as novas tecnologias emergentes durante o Iluminismo. Isso é exemplificado pela evolução da máquina a vapor na Inglaterra, onde inovações como roldanas foram desenvolvidas para maximizar seu uso industrial.
Além disso, Adam Smith, economista do século 18, destacou que o crescimento econômico depende da especialização do trabalho, mas Mokyr acrescenta que também são necessárias ideias disruptivas que gerem aumentos de produtividade. Essa perspectiva é compartilhada por Aghion e Howitt, cujos estudos em macroeconomia e crescimento econômico ressaltam a importância da inovação tecnológica.
Aghion, formado na Ecole Normale Supérieure de Cachan e na Universidade Harvard, e Howitt, graduado na Universidade de Western Ontario, introduziram nos anos 1990 o conceito de “destruição criativa”, baseado no trabalho do economista Joseph Schumpeter. Esse conceito é fundamental para entender que novas tecnologias superam as antigas, gerando impactos sociais e econômicos.
Os achados de Aghion e Howitt são alinhados com as contribuições do Nobel Paul Romer. Seus modelos de crescimento econômico têm influenciado os economistas na análise de tendências futuras na geração de tecnologia, cada vez mais complexa.
Por fim, o economista Vladimir Teles, da EESP, aponta que as descobertas de Aghion e Howitt podem orientar a formulação de políticas públicas. Ele sugere que, em vez de subsidiar grandes empresas, os governos deveriam apoiar pequenas empresas que apostam na inovação, evitando que o monopólio das grandes corporações prejudique novas iniciativas criativas.
Informações da Agência FAPESP