banner

Nobel de Medicina 2023: Trio Identifica ‘Freio’ Adicional no Sistema Imune

Por Redação
4 Min

Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2025

No dia 6 de outubro, o comitê Nobel do Instituto Karolinska, na Suécia, concedeu o Prêmio de Fisiologia ou Medicina de 2025 a três imunologistas: Shimon Sakaguchi, Mary Brunkow e Frederick Ramsdell. Eles foram reconhecidos por suas pesquisas sobre um segundo mecanismo de controle do sistema imunológico, que ajuda na compreensão de por que algumas pessoas não desenvolvem doenças autoimunes graves.

Premiação e Reconhecimento

Os três cientistas dividirão uma premiação de 11 milhões de coroas suecas (aproximadamente R$ 6,23 milhões), além de receberem diplomas e medalhas de ouro. A cerimônia de entrega do prêmio ocorrerá no dia 10 de dezembro, no aniversário da morte de Alfred Nobel, que estabeleceu o prêmio em seu testamento para honrar contribuições significativas à humanidade.

Descobertas que Mudaram a Imunologia

O presidente do comitê Nobel, Olle Kämpe, destacou a importância das descobertas desses pesquisadores para a compreensão do sistema imunológico. Este sistema complexo é composto por diversas células, cada uma desempenhando funções específicas na defesa do organismo. Porém, algumas células, especialmente os linfócitos T, podem se tornar prejudiciais, atacando o próprio corpo e levando a doenças autoimunes.

O timo desempenha um papel crucial na seleção de linfócitos T, eliminando aqueles que podem atacar o organismo. Contudo, nem sempre essa triagem é eficaz, o que pode resultar em doenças autoimunes como diabetes tipo 1, esclerose múltipla e lúpus eritematoso sistêmico.

Mecanismos de Controle do Sistema Imune

De acordo com o imunologista Jorge Kalil Filho, havia uma desconfiança entre pesquisadores sobre a existência de mecanismos adicionais de controle para prevenir as reações autoimunes. Foi em meados dos anos 1990 que Sakaguchi identificou o linfócito T regulador (T reg), uma célula que atua como um "vigilante dos vigilantes".

Metodologia e Descobertas Significativas

Usando experimentos com camundongos, Sakaguchi demonstrou que a ausência do timo resultava em inflamação e doenças autoimunes, quando os linfócitos T atacavam os próprios órgãos. Ao injetar linfócitos de um camundongo saudável em outro sem o timo, ele observou que a infiltração da resposta imune era inibida. Essas descobertas foram fundamentais para entender a interação entre linfócitos T efetores e reguladores.

Paralelamente, Mary Brunkow e Frederick Ramsdell, trabalhando em doenças autoimunes, descobriram a mutação do gene Foxp3, que é essencial para o funcionamento dos linfócitos T reguladores. Em suas publicações de 2001, eles conectaram essa mutação à síndrome de Ipex, uma condição rara que afeta principalmente meninos.

Implicações para o Futuro da Medicina

As pesquisas sobre linfócitos T reguladores têm potencial para revolucionar o tratamento de doenças autoimunes, rejeições em transplantes de órgãos e até o combate ao câncer. Terapias estão sendo desenvolvidas para incrementar a atividade desses linfócitos reguladores, permitindo uma resposta mais equilibrada do sistema imunológico. Há também cerca de 200 ensaios clínicos em andamento para testar o controle dos linfócitos T reguladores.

Ao final de sua apresentação, Thomas Perlmann, secretário-geral do comitê Nobel, ressaltou que a premiação de Sakaguchi e seus colegas era mais do que justa, especialmente num momento em que a imunologia está em destaque na pesquisa médica global.

Informações da Agência FAPESP

Curtiu? Siga o Candeias Mix nas redes sociais: Twitter, Facebook, Instagram, e Google Notícias. Fique bem informado, faça parte do nosso grupo no WhatsApp e Telegram.
Compartilhe Isso