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Como a COVID-19 Acelera o Envelhecimento Vascular, Mesmo em Casos Leves

4 Min

COVID-19 e o Impacto no Sistema Cardiovascular: Um Estudo Direto

A COVID-19 pode deixar marcas duradouras no sistema cardiovascular mesmo após a recuperação clínica, segundo um estudo populacional abrangente que incluiu mais de 2 mil sobreviventes em 16 países, incluindo o Brasil. A pesquisa revelou que todos os participantes infectados pelo vírus apresentaram maior rigidez nas grandes artérias em comparação aos não infectados.

Efeitos da COVID-19 na Rigidez Arterial

O estudo, publicado no European Heart Journal, conclui que a infecção por COVID-19 pode acelerar o envelhecimento vascular, com efeitos mais pronunciados em mulheres, especialmente naquelas com sintomas persistentes, independentemente da gravidade da infecção. A Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde registrou 311.849 casos de COVID-19 no Brasil até 28 de setembro de 2025.

Realizado pelo consórcio Cartesian, com a participação de 34 centros de pesquisa, esta é a primeira investigação a avaliar os efeitos de longo prazo da COVID-19 na rigidez arterial. Essa rigidez é um indicador do envelhecimento vascular, que pode aumentar o risco de insuficiência cardíaca, infarto e acidente vascular cerebral.

Pesquisa Reforça a Necessidade de Monitoramento Cardiovascular

De acordo com Emmanuel Ciolac, professor da Faculdade de Ciências da Unesp e membro do consórcio, o estudo destaca que pessoas que tiveram COVID-19 mostram maior rigidez nas grandes artérias. Esse fator pode comprometer o fluxo sanguíneo para o cérebro e outros órgãos, e ocorreu independentemente da gravidade da doença ou da presença de hipertensão.

Além disso, a pesquisa foi apoiada pela FAPESP. Ciolac observa que a boa notícia é que essa rigidez arterial tende a diminuir com o tempo, conforme demonstrado entre os participantes do estudo após um ano da infecção. Isso ressalta a importância de programas de reabilitação com atividades físicas para reverter este quadro.

Metodologia e Resultados do Estudo

Os pesquisadores analisaram a saúde vascular de 2.390 indivíduos através de um exame não invasivo que avalia a rigidez das grandes artérias. Os grupos incluíram pessoas infectadas entre 2020 e 2022, variando de casos não infectados a graves, com hospitalização, e englobaram tanto vacinados quanto não vacinados.

Ciolac explica que o exame mede a velocidade da onda de pulso entre as artérias carótida e femoral, onde uma velocidade mais lenta indica maior elasticidade e saúde arterial.

Diferenças de Gênero e Vacinação

Outro ponto destacado pelo estudo é a diferença observada nas consequências da COVID-19 nas artérias entre homens e mulheres. As mulheres mostraram um impacto mais acentuado, especialmente aquelas que tiveram sintomas persistentes. Os dados indicaram que a rigidez arterial aumentou conforme a gravidade da infecção, com as pacientes que passaram pela UTI apresentando um envelhecimento ainda maior.

Os participantes vacinados demonstraram menor rigidez arterial em comparação aos não vacinados, reforçando a relevância da vacinação na saúde cardiovascular.

Conclusão e Recomendações

Este estudo enfatiza a importância de monitorar a saúde cardiovascular em quem teve COVID-19, mesmo após a recuperação. É crucial investigar estratégias específicas para reduzir o envelhecimento vascular precoce. Embora hábitos saudáveis ajudem a preservar a elasticidade das artérias, são necessários protocolos detalhados que abordem os efeitos duradouros da COVID-19 sobre o sistema vascular.

Para mais detalhes, o artigo “Accelerated vascular ageing after COVID-19 infection: the Cartesian study” está disponível em: European Heart Journal.

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Informações da Agência FAPESP

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