Nanopartículas de Óxido de Zinco a partir de Folhas de Café: Inovação em Sustentabilidade e Saúde
Um grupo internacional de cientistas da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveu uma técnica inovadora para valorizar folhas de café, um resíduo agrícola abundante. Em vez de serem descartadas, essas folhas foram utilizadas para produzir nanopartículas de óxido de zinco, que possuem propriedades promissoras para áreas como saúde, meio ambiente e tecnologia. O estudo, publicado na Scientific Reports em agosto, foi apoiado pela FAPESP por meio de dois auxílios.
Benefícios das Nanopartículas
As nanopartículas apresentam propriedades diferentes em comparação com seus materiais em escala maior. O óxido de zinco, ao ser reduzido a dimensões nanométricas, demonstra habilidades especiais, como a capacidade de combater bactérias e acelerar reações químicas. Essa abordagem não apenas promete aplicações em saúde, mas também pode revolucionar tecnologias sustentáveis, como dispositivos eletrônicos.
Síntese Verde e Sustentabilidade
Tradicionalmente, a produção de nanopartículas envolve processos caros e o uso de produtos químicos tóxicos. O diferencial dessa pesquisa é a utilização dos compostos presentes nas folhas de café para sua fabricação, caracterizando uma "síntese verde". Essa técnica é vantajosa por ser econômica e alinhada aos objetivos de desenvolvimento sustentável, incentivando a economia circular.
Eficácia Antimicrobiana
Os testes de laboratório mostraram que as nanopartículas de café são eficazes contra patógenos como Staphylococcus aureus e Escherichia coli, que são responsáveis por muitas infecções hospitalares. Essa descoberta é especialmente relevante em um momento em que a resistência bacteriana se torna um desafio crescente na saúde pública, possibilitando a criação de novos antimicrobianos.
Aplicações Ambientais
Além de sua eficácia contra bactérias, as nanopartículas demonstraram capacidade de degradação de poluentes sob luz ultravioleta. Em experimentos, conseguiram degradar corantes industriais que contaminam rios, mostrando potencial para uso em estações de tratamento de água e processos de descontaminação ambiental.
Inovações Tecnológicas
Os pesquisadores também exploraram possibilidades na área tecnológica. Combinando as nanopartículas com quitosana — um polímero derivado de crustáceos — criaram o bioReRAM, um dispositivo de armazenamento de dados que utiliza materiais biodegradáveis. Essa inovação é uma contribuição significativa para o conceito de "computação verde", onde a fabricação de eletrônicos se torna mais sustentável.
Perspectivas Futuras
Segundo Igor Polikarpov, professor do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP), o estudo mostra que é viável unir inovação tecnológica e sustentabilidade. Se aplicada em larga escala, essa descoberta pode gerar novas oportunidades para agricultores, reduzir desperdícios e posicionar o Brasil como um líder na produção de materiais avançados a partir de recursos naturais.
Para mais detalhes, o artigo Antimicrobial, photodegradation and BioReRAM applications of multifaceted green zinc oxide nanoparticles synthesized using coffee leaves extract pode ser acessado em: Scientific Reports.
Informações da Agência FAPESP
Curtiu? Siga o Candeias Mix nas redes sociais: Twitter, Facebook, Instagram, e Google Notícias. Fique bem informado, faça parte do nosso grupo no WhatsApp e Telegram.