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Como a Adaptação Climática Impacta a Vida das Pessoas

4 Min

Ondas de Calor no Brasil: Uma Emergência Silenciosa

As ondas de calor no Brasil causaram 20 vezes mais mortes do que chuvas e enchentes, revelando uma grave emergência que ainda carece de planejamento adequado. Classificados como uma “emergência silenciosa” — pois não deixam destruição visível —, os incidentes de calor extremo se intensificaram em 2024, quando o país enfrentou nove ondas de calor durante o ano mais quente já registrado. Além disso, o planeta ultrapassou o limite de 1,5 °C estabelecido pelo Acordo de Paris, um marco crítico para evitar consequências climáticas ainda mais sérias.

O Papel das Cidades na Adaptação Climática

Durante a conferência “Contribuições para a COP-30: Adaptando Cidades 1,5 °C Mais Quentes”, a professora Denise Duarte, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e de Design da Universidade de São Paulo (FAU-USP), ressaltou a importância das áreas urbanas na adaptação às novas realidades climáticas.

“A adaptação precisa estar onde as pessoas estão”, enfatizou Duarte, que também contribuiu para o IPCC Special Report on Climate Change and Cities. Segundo ela, a análise deve se concentrar na escala humana, considerando aspectos como abrigo e segurança nas casas e edifícios.

Mapeamento dos Impactos do Calor em São Paulo

O grupo liderado por Duarte está realizando estudos sobre os impactos do calor extremo em São Paulo, cruzando dados socioeconômicos e ambientais. O mapeamento revelou que pessoas de baixa renda, que vivem em habitações vulneráveis e trabalham ao ar livre em empregos informais, estão particularmente expostas às ondas de calor.

O desenho urbano e a presença de áreas verdes desempenham um papel crucial no equilíbrio térmico das cidades. “Em São Paulo, essa desigualdade é evidente”, afirma Duarte, destacando a diferença de densidade populacional entre as regiões centrais e as periferias.

Propostas de Solução: Oásis Urbanos

Duarte sugere a criação de uma rede de “oásis urbanos” que ofereça alívio térmico durante ondas de calor. Essa proposta envolve adaptar espaços públicos existentes, como escolas e centros esportivos, para que possam servir como refúgios climáticos.

Ela alertou ainda sobre o impacto social do fechamento de escolas devido ao calor, sugerindo que elas devem operar como refúgios climáticos, garantindo alimentação e cuidado às crianças.

COP-30 e Adaptação das Cidades

Duarte também trouxe à tona as cartas do embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP-30, que chamam à ação coletiva e à adoção de iniciativas voluntárias. A agenda de ação climática da COP-30 inclui 30 objetivos, destacando a resiliência urbana como uma prioridade.

Mitigação do Aquecimento Global

Outra participante da conferência, a pesquisadora Thelma Krug, ex-vice-presidente do IPCC, focou nas medidas de mitigação das emissões de gases de efeito estufa. Ela destacou que atualmente o planeta está em um aumento médio de 2,8 °C, o que representa um desafio significativo para o cumprimento das metas do Acordo de Paris.

“Embora não estejamos em uma trajetória de 1,5 °C, se não houvesse o acordo, a situação seria ainda mais grave”, ponderou Krug.

Desafios e Oportunidades para o Futuro

Krug também apontou a necessidade urgente de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e de adotar soluções climáticas que já estão disponíveis. “Muitas soluções existem; o que falta é implementá-las de forma eficaz”, concluiu.

Em resumo, a intersecção entre urbanismo, adaptação climática e mitigação é crucial para enfrentar os desafios do aquecimento global e garantir um futuro sustentável para as cidades brasileiras. Para mais informações sobre o evento, assista à gravação completa aqui.

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Informações da Agência FAPESP

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