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Novo Padrão de Estudos sobre Gasto Energético Pode Melhorar Tratamento da Obesidade

4 Min

Avanços na Medição do Gasto Energético

Um grupo internacional de cerca de 80 pesquisadores de 18 países, incluindo o Brasil, desenvolveu uma nova padronização para medir o gasto energético em tratamentos antiobesidade. O artigo, publicado na revista Nature Metabolism, apresenta regras e unidades uniformizadas para análises de gasto energético em modelos experimentais, como roedores, substituindo a prática tradicional de dividir as taxas metabólicas pelo peso corporal.

Importância da Padronização

Essa normatização, que não existia anteriormente, visa oferecer resultados replicáveis e comparáveis, permitindo a criação de um banco de dados padronizado. Com a implementação dessa padronização, será possível aplicar técnicas de análise mais avançadas, como inteligência artificial, no desenvolvimento de testes pré-clínicos para novas classes de fármacos contra a obesidade e outras doenças metabólicas.

Desafios no Tratamento da Obesidade

O médico Licio Augusto Velloso, diretor do Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades (OCRC), ressalta que doenças complexas, como diabetes e hipertensão, muitas vezes requerem o uso de múltiplos medicamentos. Isso permite reduzir as doses de cada um, aumentando a eficácia e a segurança do tratamento. No entanto, os medicamentos mais recentes para obesidade têm se concentrado apenas na redução do apetite, sem promover um aumento no gasto energético. A ideal seria uma terapia que combatesse a fome e aumentasse o gasto energético ao mesmo tempo.

Oportunidades de Pesquisa

Com sede na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o OCRC é um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) financiado pela FAPESP. Na última década, o mercado de medicamentos para obesidade, como a semaglutida (Ozempic) e a tizerpatida (Mounjaro), trouxe avanços significativos. Esses medicamentos atuam no sistema nervoso central e digestivo, promovendo a saciedade.

Além disso, há um grande potencial no desenvolvimento de fármacos que estimulem células do tecido adiposo a gastar energia para produzir calor, um processo conhecido como termogênese, contribuindo para a perda de peso.

Dados sobre a Obesidade

O Atlas Mundial da Obesidade 2025 revela que mais de 1 bilhão de pessoas sofrem com a doença em todo o mundo, com cerca de 1,6 milhão de mortes prematuras anuais relacionadas à obesidade. No Brasil, aproximadamente 31% da população é obesa, e entre 40% a 50% dos adultos não realizam a atividade física recomendada.

Experimentos de Calorimetria Indireta

Os pesquisadores propõem um conjunto de unidades uniformizadas para calorimetria indireta, que mede o gasto calórico do organismo. As medições incluem:

  • Consumo de oxigênio e produção de dióxido de carbono em ml/h
  • Gasto energético em kcal/h
  • Ingestão energética e de água em ml/h
  • Medidores de atividade física em metros

A maioria dos estudos sobre gasto energético é realizada em laboratório, utilizando câmaras respirométricas que monitoram oxigênio, gás carbônico e temperatura do corpo do roedor. Apesar do custo elevado dessas câmaras, a padronização proposta promete melhorar significativamente a precisão das investigações metabólicas.

Considerações Finais

O professor José Donato Junior, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), destaca que a falta de padronização resulta em inconsistências na literatura científica, levando a conclusões divergentes em estudos diferentes. Com a publicação do artigo, os pesquisadores esperam que as principais revistas científicas adotem essas novas regras, promovendo sua disseminação em congressos e eventos relacionadas à área.

O artigo completo pode ser acessado em: Nature Metabolism.

Informações da Agência FAPESP

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