Impacto do Acesso a Armas na Saúde Mental: Uma Análise Abrangente
O acesso a armas de fogo não apenas representa riscos físicos e à vida, mas também afeta a saúde mental. Estudos indicam um aumento no número de suicídios, intensificação de fragilidades psicológicas e um crescimento nas dinâmicas de violência. Essas conclusões são discutidas em uma pesquisa publicada na Harvard Review of Psychiatry.
Dados da Pesquisa
Liderada por pesquisadores do Instituto de Psiquiatria da FM-USP, a equipe revisou 467 estudos de diversos países até março de 2023. Desses, 81% foram conduzidos nos Estados Unidos, seguidos por 6% na Europa Ocidental, 4% na Austrália, 3% no Canadá, e o restante em outras regiões. A análise examina a relação entre acesso a armas, comportamento agressivo, uso de substâncias e suas influências na saúde mental.
Mecanismos Psicológicos Identificados
Três mecanismos psicológicos foram identificados:
Facilitação de Atos Impulsivos: A presença de armas em lares aumenta de três a cinco vezes o risco de suicídio, independentemente do estado mental anterior do indivíduo. O armazenamento seguro reduz esse risco, mas não elimina a gravidade do problema.
Amplificação Emocional: As armas funcionam como um "amplificador psicológico", exacerbando a ansiedade e o medo e, consequentemente, aumentando comportamentos agressivos. Isso cria um ciclo de retroalimentação que intensifica o sofrimento psicológico de indivíduos expostos a violência armada.
- Símbolo de Poder: A presença de armas altera dinâmicas de poder e vulnerabilidade, estimulando comportamentos controladores e contribuindo para a violência social e doméstica.
Implicações e Políticas Públicas
Os pesquisadores destacam a necessidade de políticas públicas que abordem não apenas a segurança, mas também a saúde mental. A revisão enfatiza que a presença de ferramentas letais não aumenta a segurança, mas acentua fragilidades emocionais e a percepção de medo.
Situação no Brasil
No Brasil, as regras para aquisição de armas são rígidas. Para obter uma arma, é necessário ser maior de 25 anos, apresentar certidão negativa de antecedentes e comprovar capacidade técnica e psicológica. Apesar de uma desaceleração no crescimento do número de armas registradas, dados recentes mostram um aumento significativo.
O psiquiatra Rodolfo Damiano, que co-coordenou o estudo, acredita que os resultados são aplicáveis à realidade brasileira, ressaltando a necessidade de discutir leis que restrinjam o acesso a armas.
Conclusão
A pesquisa “The impact of firearm ownership, violence, and policies on mental health: a systematic scoping review” pode ser acessada neste link.
Promover intervenções em saúde mental e analisar as implicações sociais do acesso a armas são passos cruciais para mitigar os efeitos psicológicos negativos nas populações.
Informações da Agência FAPESP
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