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Como Produtos Não Madeireiros Podem Financiar Projetos de Reflorestamento

4 Min

Restauração Florestal: Oportunidades Econômicas com Produtos Não Madeireiros

Um dos principais desafios da restauração florestal é o custo, levando a discussões sobre viabilidade econômica. Pesquisadores sugerem explorar produtos florestais não madeireiros (PFNM) como uma alternativa viável para gerar rendas em áreas de recomposição florestal.

Um estudo conduzido pela Universidade de São Paulo (USP) e publicado na revista Ambio revela que 59% das espécies de plantas do Vale do Paraíba do Sul apresentam potencial bioeconômico. A pesquisa destaca que a coleta de folhas, galhos, sementes e frutos, como parte do manejo de PFNM, é uma opção sustentável que preserva a floresta e gera lucros em médio prazo.

Potenciais Produtos Não Madeireiros

Dentre as 329 espécies identificadas no estudo, 283 eram nativas, e 167 possuem algum potencial econômico. O resumo dos dados aponta que:

  • 58% têm potencial médico
  • 12% são aplicáveis na cosmética
  • 5% são comestíveis

Curiosamente, apenas 13% dos estudos realizados resultaram em produtos finais. Espécies como a araucaría e a juçara foram frequentemente mencionadas em pesquisas devido ao seu valor econômico.

Importância das Patentes

A análise de patentes revelou que 78 espécies (46,7%) possuem registros em 61 países, com apenas 8% no Brasil. Este indicador é crucial, pois o número de patentes reflete o potencial econômico e comercial das espécies, enquanto aquelas sem registro destacam oportunidades de pesquisa e desenvolvimento.

Uma Alternativa Sustentável

A exploração de PFNM pode ajudar a amortizar os custos de restauração florestal, especialmente considerando que a extração de madeira é proibida em Áreas de Preservação Permanente (APPs). A viabilidade da extração de produtos não madeireiros pode assegurar uma fonte de receita até que a madeira esteja pronta para a colheita.

Além disso, o manejo sustentável de PFNM contribui para a recuperação de ecossistemas que já desempenham funções fundamentais, como a provisão de água e sequestro de carbono.

Geração de Empregos e Sustentabilidade

Projetos de reflorestamento com espécies nativas também têm o potencial de gerar milhões de empregos que não exigem alta qualificação. Um estudo de 2022 estimou que o Brasil poderia criar até 2,5 milhões de empregos ao cumprir metas de restauração, como as estabelecidas no Acordo de Paris.

Entretanto, a exploração dos ativos florestais deve ser realizada com cautela para evitar a superexploração e o desmatamento. O caso do pau-rosa exemplifica os riscos envolvidos, já que a exploração intensa dessa árvore levou à sua ameaça de extinção.

Caminhos para o Futuro

Medidas como compras públicas e certificações podem estimular mercados sustentáveis para PFNM. O cruzamento de dados sobre abundância das espécies e seu potencial econômico poderá orientar futuros projetos de restauração em outros biomas brasileiros.

O estudo sugere que espécies raras, mas econômicas, devem ser integradas aos projetos de restauração, enquanto espécies abundantes podem ser exploradas para ampliar o uso econômico, promovendo a multifuncionalidade ecológica-econômica.

Para mais informações, confira o artigo “Bioeconomic opportunities in restored tropical forests” publicado em link.springer.com.

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Informações da Agência FAPESP

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