Estudo Revela Eficácia do Programa “Primeiros Laços” para Mães Adolescentes
Um recente estudo confirma a eficácia do programa “Primeiros Laços” na melhoria da qualidade do ambiente familiar e do vínculo entre mães adolescentes e seus filhos. Este programa envolve visitas domiciliares de enfermeiras a jovens mães de primeira viagem, proporcionando acompanhamento da saúde mental e do desenvolvimento infantil desde a gestação até os 2 anos de idade.
Detalhes do Programa
O programa está em operação nos municípios de Indaiatuba e Jaguariúna, em São Paulo, sob a coordenação do Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM), em parceria com universidades locais. O CISM é fruto de uma colaboração entre a Universidade de São Paulo (USP), a Unifesp e a UFRGS, e é oficialmente reconhecido como um Centro de Pesquisa Aplicada da FAPESP.
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Metodologia e Resultados
O estudo analisou dados de 169 gestantes recrutadas entre agosto de 2015 e maio de 2018, com 80 mães completando o acompanhamento — divididas entre grupo intervenção e grupo controle. Originalmente denominado “Jovens Mães Cuidadoras”, o programa focou em comunidades em situação de vulnerabilidade social.
Mães participantes, com idades entre 14 e 19 anos, receberam entre 60 e 63 visitas domiciliares. Durante essas visitas, temas essenciais como vínculo afetivo, estimulação cognitiva e cuidados materno-infantis foram abordados.
Impacto na Qualidade do Ambiente Familiar
Para avaliar a eficácia do programa, os pesquisadores utilizaram a Observação Domiciliar para Medição do Ambiente na Primeira Infância (IT‑HOME), um instrumento que mede a qualidade do ambiente doméstico e o suporte ao desenvolvimento da criança.
Os resultados indicaram que, aos 24 meses, o grupo que recebeu visitas domiciliares obteve uma pontuação mediana de 30 no IT‑HOME, em comparação a 25 do grupo controle. Essa diferença de 5 pontos reflete um ambiente familiar mais propício ao crescimento saudável das crianças.
Avanços em Responsabilidade Emocional
Além da melhoria geral, um avanço significativo foi observado na responsabilidade emocional e verbal das mães jovens. Mães com ensino fundamental no grupo intervenção apresentaram um índice 4,5 pontos superior em responsabilidade emocional aos seis meses de seus bebês, mantendo uma diferença de três pontos aos 24 meses.
Conclusão e Implicações para Políticas Públicas
Letícia Aparecida da Silva, pesquisadora envolvida no estudo, enfatiza que o impacto foi mais significativo entre mães com menor escolaridade, um grupo frequentemente afetado por barreiras no acesso a informações e práticas de cuidado. Ela reforça a necessidade de políticas públicas que promovam a parentalidade positiva e apoiem o desenvolvimento infantil desde os primeiros anos de vida.
A pesquisa sugere que programas domiciliares estruturados, como o “Primeiros Laços”, têm o potencial de mitigar desigualdades no desenvolvimento infantil, oferecendo um ambiente familiar mais favorável.
Para mais informações, o artigo completo está disponível em: The Impact of a Home Visiting Program on the Care Environment of Brazilian Adolescent Mothers.
Informações da Agência FAPESP