banner

Ecstasy: Potencial de Poluição Emergente na Baía de Santos

4 Min

Após a detecção de cocaína na água, sedimentos e organismos marinhos da baía de Santos, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) estão agora avaliando os riscos potenciais do MDMA (3,4 metilenodioximetanfetamina), conhecido como ecstasy. Embora essa substância ainda não tenha sido identificada no litoral paulista, o aumento do consumo no Brasil gera preocupação sobre sua possível presença.

### Efeitos Toxicológicos do MDMA
Para entender os efeitos tóxicos dessa droga sintética em animais marinhos, foram realizados testes em laboratório com ostras-do-mangue (Crassostrea gasar). Essas ostras, reconhecidas por sua capacidade de bioacumulação, são consideradas um excelente organismo sentinela para avaliar o impacto de poluentes emergentes.

Os resultados indicaram que os efeitos do ecstasy podem ser mais severos em comparação aos da cocaína, com concentrações que causaram tanto efeitos letais (5.000 nanogramas por litro) quanto subletais (5 a 50 ng.L-1) nas ostras. Isso destaca a sensibilidade das ostras-do-mangue em relação a esse contaminante.

### Parceria Interdisciplinar
Nos últimos dez anos, o grupo da Unifesp, em colaboração com as universidades Estadual Paulista (Unesp) e Santa Cecília (Unisanta), vem conduzindo estudos ecotoxicológicos sobre poluentes emergentes na baía de Santos. Entre as substâncias investigadas estão medicamentos como ibuprofeno e paracetamol, além de drogas como cafeína e cocaína.

Para o estudo atual, amostras de MDMA foram obtidas na Europa e apreendidas no Porto de Santos, com a autorização da Justiça. Essa colaboração com a polícia é crucial para impulsionar a pesquisa e oferecer uma compreensão mais aprofundada dos riscos ambientais e de saúde associados a drogas ilícitas.

### Monitoramento de Contaminantes
O monitoramento de drogas ilícitas, especialmente na costa brasileira, tornou-se uma questão ambiental significativa. Estudos revelaram que as concentrações de cocaína na baía de Santos são mil vezes superiores às encontradas na baía de São Francisco, nos EUA. A presença destacada de cocaína e seu metabólito benzoilecgonina em animais marinhos em outras cidades litorâneas também lança luz sobre a gravidade do problema.

Em julho de 2024, uma pesquisa do Instituto Oswaldo Cruz revelou a contaminação de tubarões nativos do Rio de Janeiro com cocaína. Essa situação ressalta a importância do monitoramento e da pesquisa em torno dos efeitos ambientais de drogas, incluindo suas consequências para a vida marinha.

### Formação de Profissionais e Conscientização
Promovido pelo Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas da Unifesp, e apoiado pela FAPESP, o evento Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA) busca formar profissionais capacitados a enfrentar esses desafios. O programa inclui aulas teóricas, práticas, estudos de caso e discussões sobre poluentes emergentes.

O público-alvo é composto por estudantes de diversas instituições, promovendo um intercâmbio de conhecimentos e abordagens interdisciplinares. Essa iniciativa visa aumentar a conscientização sobre os riscos associados a contaminantes emergentes e desenvolver possíveis soluções.

### Conclusão
O estudo sobre os efeitos do MDMA nos ecossistemas marinhos e a parceria entre instituições acadêmicas e agências de segurança pública são fundamentais para entender e mitigar os impactos ambientais das drogas ilícitas, enquanto contribuem para a formação de profissionais qualificados na área.

Informações da Agência FAPESP

Curtiu? Siga o Candeias Mix nas redes sociais: Twitter, Facebook, Instagram, e Google Notícias. Fique bem informado, faça parte do nosso grupo no WhatsApp e Telegram.
Compartilhe Isso