Edição Gênica e Inibidores de Alfa-Amilase: Uma Solução de Controle de Pragas
Insetos que se alimentam de amido podem causar danos significativos em plantações e armazéns de milho, ervilha e feijão. Para proteger essas culturas, plantas ancestrais desenvolveram proteínas inibidoras de alfa-amilase, tornando o amido indigesto para esses insetos. No entanto, a domesticação dessas plantas pode ter reduzido a eficácia desses inibidores.
Um artigo publicado no Biotechnology Journal destaca os avanços da edição gênica nas últimas duas décadas para aumentar a produção desses inibidores nas plantas. A pesquisa, liderada por especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do Centro de Pesquisa em Genômica Aplicada às Mudanças Climáticas (GCCRC), sugere que técnicas de edição gênica podem ser a chave para desenvolver variedades de plantas mais resistentes a pragas.
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Os pesquisadores mencionam que, nos anos 2000, muitos avanços foram feitos na identificação de genes responsáveis pelos inibidores de alfa-amilase, assim como na criação de plantas transgênicas que superexpressam esses genes. Apesar desses progressos, a transgenia clássica gera preocupações quanto à aceitação de novos produtos no mercado, devido a custos elevados de regulamentação e receios do consumidor.
Insetos-praga e Danos Econômicos
Insectos como percevejos, gorgulhos e carunchos utilizam enzimas amilases para converter amido em açúcares, atacando sementes tanto na lavoura quanto no armazenamento, causando perdas econômicas. Bruquídeos, como o gorgulho, estão entre os primeiros alvos de tecnologias de controle de pragas, devido ao dano significativo que provocam em grãos.
Os inibidores de alfa-amilase também mostraram eficácia contra outros insetos, como o bicudo-do-algodoeiro e a broca-do-café. A pesquisa enfatiza que a edição gênica pode aumentar a produção desses inibidores sem afetar a digestão em humanos e animais.
O Potencial da Edição Gênica
A técnica de edição gênica, especialmente através do método CRISPR, oferece a possibilidade de modificar a expressão dos genes das plantas, criando variedades que podem não ser classificadas como transgênicas pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Isso pode facilitar a aceitação no mercado e atrair o interesse de empresas do agronegócio.
Basso, um dos autores do estudo, observa que a edição gênica pode aumentar a produção de inibidores de alfa-amilase e melhorar sua eficácia contra insetos-praga, sem comprometer a segurança alimentar.
Para mais informações, o artigo "Exploring plant α-amylase inhibitors: mechanisms and potential application for insect pest control" está disponível em: Biotechnology Journal.
Com essa abordagem, a pesquisa abre caminhos promissores para o desenvolvimento de plantas mais resistentes e uma agricultura mais sustentável.
Informações da Agência FAPESP
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