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Bactérias Super-Resistentes Descobertas em Aves Selvagens no Centro de Reabilitação do Litoral Paulista

4 Min

Clones de Bactérias Resistentes a Antibióticos em Aves Silvestres: Um Alerta para a Saúde Pública

Pesquisadores financiados pela FAPESP descobriram clones de Escherichia coli resistentes a antibióticos em aves silvestres em um centro de reabilitação. Essas bactérias, cuja presença é ligada a infecções em humanos tanto em contextos comunitários quanto hospitalares, foram encontradas no trato intestinal de um urubu e uma coruja.

Impactos nas Espécies e na Saúde Humana

Embora os efeitos dessas cepas sobre a fauna sejam incertos, suas consequências para humanos são alarmantes, especialmente para aqueles com sistema imunológico comprometido. Essas infecções frequentemente apresentam poucas opções de tratamento eficazes. O estudo foi publicado na Veterinary Research Communications.

O Papel da Escherichia coli

A Escherichia coli é uma bactéria comum no trato intestinal de muitos seres vivos, incluindo humanos. Problemas surgem quando essa bactéria contamina a corrente sanguínea ou causa infecções urinárias. "Em ambientes hospitalares, clones multirresistentes, como os encontrados neste estudo, podem ter consequências fatais", alerta Fábio Sellera, professor da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes).

Necessidade de Protocolos de Monitoramento

O estudo ressalta a urgência em desenvolver protocolos para o manejo de animais em centros de reabilitação e sua reintrodução na natureza. "Esses locais são cruciais para mitigar os danos das atividades humanas sobre a fauna, mas carecem de procedimentos baseados em evidências para monitorar e tratar a colonização por microrganismos resistentes", adverte Sellera.

Transferência de Genes de Resistência

As análises genômicas revelaram que os genes de resistência a antibióticos estão em elementos genéticos móveis. Isso significa que podem ser transferidos para outras cepas de E. coli ou para diferentes espécies bacterianas. "Bactérias que nunca entraram em contato com antibióticos podem se tornar resistentes", explica Nilton Lincopan, professor da Universidade de São Paulo (ICB-USP).

Vigilância Epidemiológica e Descolonização

Lincopan, que coordena o Instituto Paulista de Resistência aos Antimicrobianos (ARIES), enfatiza a necessidade de monitoramento contínuo do ambiente e de hospedeiros em potencial. Testes durante a admissão de animais em centros de reabilitação e a descolonização de cepas resistentes antes da soltura na natureza são práticas recomendadas.

Exemplos de Boas Práticas

O Projeto Cetáceos da Costa Branca, liderado pela Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN), implementa medidas de testagem em animais resgatados, como os peixes-boi, e busca padronizar métodos de descolonização utilizando probióticos.

Importância da Vigilância em Centros de Reabilitação

Esses centros representam uma oportunidade valiosa para monitorar a presença de patógenos. "Os microrganismos nos animais reabilitados refletem o que circula na natureza. Portanto, devem ser aliados na vigilância de patógenos que afetam a saúde humana", afirma Lincopan.

Conclusão

A pesquisa destaca a importância de centros de reabilitação como aliados na luta contra a resistência a antibióticos. O estudo "High-risk Escherichia coli global clones ST10 and ST155 in wild raptors admitted to a rehabilitation center" está disponível em: SpringerLink.

Este trabalho envolveu alunos de iniciação científica e destaca a necessidade de investimentos em monitoramento e protocolos de saúde animal e pública.

Informações da Agência FAPESP

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