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Descoberta na Saliva do Carrapato: Novas Oportunidades no Combate à Febre Maculosa

3 Min

Amblyostatin-1: Avanços na Pesquisa da Febre Maculosa

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) identificaram propriedades imunomoduladoras e anti-inflamatórias em uma proteína da saliva do carrapato Amblyomma sculptum, vetor da febre maculosa no Brasil. A substância, chamada Amblyostatin-1, pode abrir novas possibilidades para o tratamento e compreensão dessa doença grave, que apresenta altas taxas de mortalidade.

Importância da Amblyostatin-1

A Amblyostatin-1 desempenha um papel crucial ao ajudar a entender como o carrapato modula o sistema imunológico do hospedeiro, facilitando a infecção pela bactéria Rickettsia rickettsii, causadora da febre maculosa. Além disso, a molécula mostra potencial para o desenvolvimento de medicamentos direcionados a processos inflamatórios.

O estudo foi financiado pela FAPESP e envolveu colaborações internas e internacionais, incluindo instituições como a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a Czech Academy of Sciences e o National Institutes of Health (NIH) dos Estados Unidos.

Contexto da Febre Maculosa no Brasil

No Brasil, a febre maculosa, causada pelo carrapato Amblyomma sculptum, é considerada uma doença grave e de notificação compulsória. Entre 2013 e 2023, foram registrados 2.059 casos e 703 mortes, resultando em uma taxa de mortalidade alarmante de cerca de 34%. Sintomas iniciais semelhantes aos da dengue muitas vezes atrasam o diagnóstico, dificultando o tratamento eficaz e reduzindo as chances de sobrevivência.

Mecanismos de Ação da Amblyostatin-1

A Amblyostatin-1 pertence à família das cistatinas, que inibem enzimas do tipo cisteíno proteases, como as catepsinas. Essas enzimas são fundamentais para a ativação do sistema imunológico. O estudo indicou que a Amblyostatin-1 inibe seletivamente catepsinas específicas, como a catepsina S e L, que são vitais na ativação de células dendríticas e na resposta inflamatória dos neutrófilos, respectivamente.

Esses achados destacam a capacidade da Amblyostatin-1 em reduzir a ativação das células dendríticas e a inflamação cutânea em modelos animais.

Características Promissoras da Amblyostatin-1

Outro aspecto importante é a baixa imunogenicidade da Amblyostatin-1, que não induz a produção de anticorpos nos animais, permitindo seu uso contínuo sem perda de eficácia. Esse atributo é essencial para o desenvolvimento de medicamentos de uso prolongado, fatores cruciais em tratamentos de doenças inflamatórias.

O artigo completo sobre a Amblyostatin-1 pode ser acessado no periódico Frontiers in Immunology, disponível aqui.

Conclusão

A identificação da Amblyostatin-1 e suas propriedades imunomoduladoras são um avanço significativo na pesquisa sobre a febre maculosa. A compreensão de como essa proteína interage com o sistema imunológico do hospedeiro pode orientar futuras estratégias para bloquear infecções e desenvolver tratamentos eficazes para condições inflamatórias.

Informações da Agência FAPESP

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