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Como o Investimento em Ciência e Tecnologia por Países de Renda Baixa e Média Transformou a Geografia Científica na Última Três Décadas

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Análise da Transformação na Geografia da Ciência

Uma recente análise da base de dados Elsevier, Scopus, revela uma significativa transformação na geografia da ciência nos últimos 30 anos. Em 1994, 87% dos artigos científicos foram publicados por autores de países de renda alta (HIC, na sigla em inglês). Em contraste, em 2024, essa proporção caiu para 40%, enquanto 60% dos artigos tiveram autores residentes em países de renda baixa e média (LMIC), como Brasil, Índia, Rússia e China. A Scopus abrange mais de 100 milhões de publicações de mais de 7 mil editoras científicas em todo o mundo.

O crescimento do número de autores na China, que superou o dos Estados Unidos em 2015, foi um fator crucial nesse movimento. A análise destaca que, mesmo excluindo a China e os Estados Unidos, os 28 países de renda baixa e média com mais autores superam os 27 países da União Europeia e o Reino Unido.

Esses dados estão presentes em um documento (science-policy brief) apresentado no 10º Fórum Multissetorial sobre Ciência, Tecnologia e Inovação para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), realizado em maio na sede da ONU em Nova York.

Metodologia e Classificação

Para identificar a localização de cada autor, foi utilizado o endereço institucional fornecido pelos pesquisadores ao publicarem seus trabalhos, um campo da base Scopus que indica onde a pesquisa é conduzida, independentemente da nacionalidade do autor. A categorização dos países foi feita com base nos critérios do Banco Mundial, que define países de renda alta como aqueles com Renda Nacional Bruta per capita acima de US$ 13.845. Enquanto em 1994 apenas 9% dos autores residiam em países de renda baixa e média, em 2024 esse número cresceu para 60%.

Globalmente, o número de artigos científicos publicados cresce a uma taxa de 5% ao ano, impulsionado em grande parte pelo aumento de autores em países emergentes. Esse desenvolvimento é resultado dos esforços de construção de capacidade científica e tecnológica, que incluem a criação de universidades e instituições de pesquisa.

Desafios e Oportunidades para Países em Desenvolvimento

Embora a produção científica tenha aumentado, países de renda baixa e média ainda enfrentam desafios. Entre 2021 e 2024, a taxa de coautoria internacional foi de 25,2%, significativamente inferior aos 37,4% nos países de renda alta. Barreiras como custos de colaboração, instabilidade no financiamento e limitações linguísticas impactam negativamente essas interações.

Adicionalmente, a colaboração entre academia e setor empresarial é limitada: apenas 1,9% dos artigos em países de renda baixa e média resultaram de tais parcerias, em comparação aos 3,6% de países de renda alta. Para transformar conhecimento em desenvolvimento econômico, é vital que esses países ampliem suas iniciativas em pesquisa e desenvolvimento.

Conclusão

Com o crescimento das publicações científicas, a nova geografia da ciência requer ajustes nas políticas globais de ciência e tecnologia. Recomendações incluem apoiar o fortalecimento das agências de fomento à pesquisa nos países de renda baixa e média e promover colaborações entre eles. O artigo completo sobre como essa transformação pode acelerar o progresso em relação aos ODS está disponível aqui.

Informações da Agência FAPESP

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