Soluções individualistas não garantem a sobrevivência digna da sociedade
Soluções que atendem apenas a interesses de determinados grupos falham em promover uma sociedade justa, especialmente em um contexto marcado por desigualdades crescentes, conflitos e mudanças climáticas. Esta é a visão do especialista em políticas públicas, Paulo Jannuzzi, que participou da 6ª edição das Conferências FAPESP 2025, intitulada “Contribuições para a COP30 – A Interface entre o Conhecimento e a Gestão em Políticas Públicas”.
Desafios Civilizatórios do Século 21
Durante a conferência, Jannuzzi destacou que os desafios do século 21 não podem ser resolvidos apenas com base em evidências científicas. Ele mencionou a influência dos valores nas evidências e a importância de abordagens mais republicanas em contraste ao individualismo.
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A Influência da Inteligência Artificial
Um dos principais tópicos abordados foi o papel da inteligência artificial (IA) nas políticas públicas. Jannuzzi alertou sobre os riscos da corrida tecnológica impulsionada por grandes empresas. Ele observou que a falta de regulamentação nas redes sociais já provocou danos, como a disseminação de discursos de ódio e fake news, e que a IA pode replicar esses problemas. No entanto, ele também apontou que a IA oferece oportunidades únicas, podendo integrar diferentes disciplinas e gerar um conhecimento verdadeiramente transdisciplinar.
A Necessidade de Valores Civilizatórios em Políticas Públicas
Jannuzzi enfatizou que as políticas públicas devem se basear em valores civilizatórios, não em meras métricas de eficiência. Ele apresentou a “Rede de Pesquisa IA2PP – Inteligência Artificial Aplicada às Políticas Públicas” como uma ferramenta crucial, promovendo a colaboração entre instituições para desenvolver soluções práticas, como o ChatPP, uma IA conversacional criada para responder a perguntas frequentes de gestores.
Experiências Práticas nas Políticas Públicas
Segundo Jannuzzi, várias soluções já estão em andamento em municípios brasileiros, embora muitas ainda não sejam reconhecidas. Ele defendeu a inclusão destas experiências no debate nacional, ressaltando que a Constituição de 1988 deve servir como guia para a construção de uma sociedade mais justa e solidária.
Debates e Colaboração
A conferência contou com a participação de especialistas, como Gabriela Marques Di Giulio, Jean Ometto e Rafael Barreiro Chaves, que discutiram a coprodução de conhecimento e a necessidade de uma interação mais dinâmica entre cientistas e gestores.
A importância da Coprodução de Conhecimento
Di Giulio destacou que a superação da emergência climática requer uma interação respeitosa entre cientistas e a sociedade. Ometto enfatizou a relevância de aproveitar "janelas de oportunidade" para que a ciência influencie decisões políticas. Chaves defendeu a coprodução do conhecimento como um avanço civilizatório, sugerindo que pesquisadores e gestores devem colaborar desde o início do processo.
Acompanhe a Conferência
A 6ª Conferência FAPESP pode ser assistida na íntegra no YouTube: youtube.com/live/9Lhd8oAF5BE.
As reflexões apresentadas na conferência são cruciais para um futuro em que políticas públicas eficazes e éticas possam de fato atender às necessidades da sociedade em suas múltiplas dimensões.
Informações da Agência FAPESP
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