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Dinossauro Sul-Americano com Longo Pescoço Conseguia Caminhar em Duas Patas com Facilidade

4 Min

Dinossauros Saurópodes: A Bipedalidade dos Gigantes Pré-Históricos

Há 66 milhões de anos, dois gêneros de dinossauros pescoçudos quadrúpedes destacavam-se por uma habilidade incomum em comparação a outros saurópodes: a capacidade de ficar de pé sobre as patas traseiras por períodos prolongados. Essa habilidade não só ajudava a espantar predadores, mas também permitia que se alimentassem de folhas no alto das árvores.

O Uberabatitan, encontrado em Minas Gerais, Brasil, e o Neuquensaurus, originário da Argentina, possuíam dimensões comparáveis a um elefante moderno, sendo considerados pequenos dentro da classificação de sauropodes. Máximas de adultos do Uberabatitan chegam a 26 metros, o que o torna um dos maiores dinossauros já descobertos no Brasil. A pesquisa revela que esses saurópodes, especialmente em sua juventude, eram capazes de manter-se em pé por mais tempo.

Um estudo apoiado pela FAPESP, publicado na revista Palaeontology, contou com a colaboração de pesquisadores do Brasil, Alemanha e Argentina. Utilizando técnicas computacionais emprestadas da engenharia, os cientistas analisaram o estresse no fêmur gerado pelo peso dos saurópodes ao se apoiarem sobre as patas traseiras.

A pesquisa, liderada por Julian Silva Júnior, do pós-doutorado na Faculdade de Engenharia da Universidade Estadual Paulista (FEIS-Unesp), revela que saurópodes menores como o Uberabatitan e o Neuquensaurus possuíam uma estrutura óssea e muscular que facilitava a bipedalidade. Por outro lado, os maiores saurópodes enfrentavam um estresse significativo em suas patas, tornando essa posição desconfortável.

Para realizar o estudo, os pesquisadores recriaram digitalmente os fêmures de sete saurópodes, representando diversas linhagens evolutivas. As simulações foram baseadas em fósseis coletados em museus de história natural pelo mundo, utilizando a análise de elementos finitos (AEF) para simular respostas dos materiais sob pressão.

“A análise envolveu dois cenários: o extrínseco, que considerava as forças externas como gravidade, e o intrínseco, focando na força gerada pelos músculos”, explica Silva Júnior.

Os resultados mostraram que os dois saurópodes sul-americanos analisados — um juvenil de Uberabatitan ribeiroi e o Neuquensaurus australis — apresentaram menores níveis de estresse nos fêmures, indicando que possuíam uma anatomia mais robusta, capaz de dissipar melhor as forças aplicadas.

Esses dinossauros, herbívoros, poderiam ter utilizado a bipedalidade para várias finalidades, como acessar folhas em árvores altas, participar de exibições para atrair parceiros ou mesmo para parecerem maiores diante de predadores. Contudo, ao contrário do juvenil examinado, os adultos do Uberabatitan provavelmente seriam tão desafiados na bipedalidade quanto outros saurópodes gigantes.

É importante ressaltar que a pesquisa não considerou a cartilagem dos ossos, que poderia influenciar a dissipação do estresse, uma variável que poderia ser determinante nas análises. A metodologia, no entanto, é eficaz para comparações entre espécimes de diferentes linhagens, proporcionando uma visão do comportamento desses gigantes pré-históricos.

O artigo completo, intitulado "Standing giants: a digital biomechanical model for bipedal postures in sauropod dinosaurs", está disponível em: Palaeontology Journal.

Informações da Agência FAPESP

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