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Impacto da Ansiedade Climática e do Uso Excessivo da Internet na Saúde Mental de Estudantes da USP

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Saúde Mental de Estudantes Universitários: Pesquisa Revela Números Preocupantes na USP

Uma pesquisa realizada no campus Butantã da Universidade de São Paulo (USP) expôs índices alarmantes de saúde mental entre os estudantes, apresentando médias significativamente inferiores às registradas em estudos internacionais e nacionais. O estudo foi liderado pelo pesquisador Pedro Ambra, do Programa Fixação de Jovens Doutores da FAPESP.

Os resultados foram divulgados durante o Simpósio Internacional “Saúde Mental de Estudantes Universitários: Escutar, Aconselhar e Cuidar”, realizado no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. O evento foi promovido pelo Grupo de Pesquisa nPeriferias, em colaboração com a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP) e com o apoio do Instituto de Psicologia da USP e da startup EduWellTech.

Impactos das Emergências Climáticas e Uso Excessivo de Internet

Entre as descobertas, a pesquisa destacou que 78% dos estudantes relataram preocupações intensas em relação a fenômenos extremos, e quase 90% acreditam que as emergências climáticas podem comprometer a vida na Terra. Além disso, muitos estudantes associaram essas preocupações a um desempenho acadêmico inferior e à má qualidade do sono. O uso excessivo da internet também foi um ponto crítico: cerca de 70% dos participantes admitiram que não conseguem reduzir o tempo online, o que impacta sua saúde mental.

Marcadores Sociais e Experiência Universitária

A pesquisa investigou como marcadores sociais como raça, gênero e classe econômica influenciam a vivência acadêmica. Ambra enfatiza que é essencial considerar como esses fatores interagem ao longo da trajetória universitária, e não como características fixas. A análise revelou que 68,9% dos respondentes se identificaram como "brancos" e 55,9% como "de baixa renda".

Instrumento de Avaliação

O 5-item Mental Health Inventory (MHI-5) foi utilizado como ferramenta principal para avaliar a saúde mental. A média obtida pelos alunos da USP foi de 47, em comparação com a média internacional de 65. Esse dado gera preocupação, especialmente tendo em vista que é inferior ao índice obtido em um estudo preliminar com estudantes de outras instituições de ensino superior no Brasil.

Questões a Serem Exploradas

Embora não haja explicações definitivas, Ambra sugere a hipótese de que estudantes negros possam vir de ambientes mais homogêneos, enfrentando uma realidade social muito diferente ao ingressar na USP. Esta transição pode resultar em experiências de preconceito e discriminação. Além disso, a "racial battle fatigue" descreve o estresse psicológico acumulado que afeta a saúde mental de pessoas negras expostas a microagressões.

Conclusões e Recomendações

A pesquisa não apenas busca entender melhor a saúde mental dos estudantes, mas também embasar políticas voltadas para a prevenção de agravos e o sucesso acadêmico. A USP já possui um programa dedicado à saúde mental, o ECOS, promovido pela PRIP.

Tendências na Saúde Mental Universitária

O simpósio também contou com a presença de especialistas internacionais, incluindo Chris Brownson da Universidade do Texas em Austin, que destacou que a demanda por serviços de saúde mental está crescendo globalmente. Ele alertou para a necessidade urgente de ampliar a oferta de profissionais na área, considerando que a atual demanda supera em muito a capacidade de atendimento disponível.

A participação de especialistas como Brownson e o apoio da FAPESP são fundamentais para iluminar aspectos críticos relacionados à saúde mental e promover um ambiente universitário mais saudável. As gravações do simpósio estão disponíveis nos canais oficiais da USP para aqueles que desejam aprofundar-se no tema.

Para mais informações, assista ao Simpósio Internacional aqui e à conferência de Chris Brownson aqui.

Informações da Agência FAPESP

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