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Risco de Malária na Amazônia: Aumento em Regiões Parcialmente Degradadas

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Em meio às discussões preparatórias para a COP30, uma pesquisa recente revela como a destruição da floresta está relacionada ao aumento da malária na Amazônia Legal. O estudo indica que áreas com cobertura florestal intermediária, com 50% de desmatamento, elevam os casos da doença em humanos e as taxas de infecção por mosquitos Anopheles, especialmente do subgênero Nyssorhynchus.

Importância do Controle de Vetores e Conservação Florestal

A relação entre desmatamento e malária destaca a urgência de intervenções que integrem o controle de vetores à conservação florestal. A malária é transmitida por picadas de fêmeas infectadas do mosquito Anopheles, conhecido também como carapanã, muriçoca e bicuda.

Os pesquisadores conduziram coletas de campo em 40 locais em Cruzeiro do Sul, um hotspot de malária no Acre, onde as intervenções na última década não conseguiram interromper os ciclos endêmicos da doença.

Análise das Coberturas Florestais

As áreas analisadas têm diferentes níveis de desmatamento. A pesquisa revelou que o risco de transmissão de malária aumenta significativamente quando há 50% de mata nativa próxima a regiões habitadas. A fragmentação da vegetação também eleva o contato entre vetores e humanos. Em contrapartida, o risco diminui em áreas totalmente desmatadas ou onde a floresta é restaurada a mais de 70%, sublinhando a importância da conservação e restauração ambiental.

Gabriel Laporta, biólogo e coautor do estudo, ressalta que os dados mostram um padrão de risco que se manifesta em diferentes níveis de cobertura florestal, tanto em mosquitos quanto em amostras de sangue de moradores.

Iniciativas de Pesquisa e Apoio

Laporta, professor do Centro Universitário FMABC, estuda malária há mais de uma década, com apoio da FAPESP. O projeto em questão busca entender melhor a dinâmica de transmissão de malária, doença de Chagas e leishmaniose em cenários de desmatamento. Com uma abordagem que combina geoprocessamento e sensoriamento remoto, o estudo está programado para durar cinco anos até 2027.

Interconexão entre Saúde Pública e Meio Ambiente

Além do desmatamento, outros fatores como mudanças nos tipos de mosquitos, perda de biodiversidade e grandes projetos de infraestrutura contribuem para a proliferação da malária em países endêmicos como o Brasil. As mudanças climáticas também intensificam o problema, aumentando a vulnerabilidade das populações.

A COP30, que ocorrerá em novembro em Belém (PA), incluirá discussões sobre a relação entre clima e saúde, destacando a necessidade de integrar essas agendas.

Caminhos para a Eliminação da Malária

A malária é um problema de saúde pública global endêmico em todos os nove Estados da Amazônia Legal, com 138 mil casos registrados em 2024, segundo o Ministério da Saúde. O Brasil prevê chegar a menos de 14 mil casos até 2030 por meio do Plano Nacional de Eliminação da Malária.

Os pesquisadores afirmam que a eliminação da doença exige não só tratamentos eficazes, mas também um controle abrangente de vetores, sugerindo que ambientes menos favoráveis aos mosquitos e a preservação da biodiversidade são fundamentais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que em 2023 houve 263 milhões de casos de malária e 597 mil mortes, a maioria das quais em países africanos.

Medidas de Prevenção e Tratamento

As medidas preventivas individuais incluem o uso de mosquiteiros e repelentes, enquanto ações comunitárias focam na melhoria do saneamento e na eliminação de criadouros dos vetores. A malária pode causar febre, calafrios e, em casos graves, levar a complicações sérias. O tratamento é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Leia mais sobre o estudo "Intermediate forest cover and malaria risk in an Amazon deforestation frontier" aqui.

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Informações da Agência FAPESP

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