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Como as Variações de Glicose Podem Indicar a Gravidade do Dano Pós-Infarto

4 Min

Níveis elevados de glicose podem ser um biomarcador importante para indicar desfechos negativos em pacientes que sofreram o infarto agudo do miocárdio, segundo uma pesquisa realizada por cientistas brasileiros.

Glicose e Infarto Agudo do Miocárdio

O estudo revela que a variabilidade glicêmica, especialmente o delta glicêmico, está relacionada ao tamanho do infarto e à diminuição da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE), que indica a força de contração do coração. Uma FEVE reduzida pode levar a insuficiência cardíaca.

Metodologia da Pesquisa

Com base em uma amostra de 244 pacientes atendidos no Hospital São Paulo, os pesquisadores descobriram que quanto maior o delta glicêmico, maior o dano miocárdico, independentemente do estado diabético do paciente. O delta glicêmico é calculado subtraindo-se a glicemia média estimada dos últimos meses (obtida por hemoglobina glicada) da glicemia na admissão.

A avaliação da perda de tecido cardíaco foi realizada por meio de ressonância magnética 30 dias após o infarto. O estudo contou com a colaboração de cientistas do Departamento de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), do Instituto Dante Pazzanese, do Hospital Israelita Albert Einstein e da Université Laval (Québec). Os resultados foram publicados na revista Diabetology & Metabolic Syndrome.

Descobertas Inéditas

Os resultados surpreenderam os pesquisadores, uma vez que, até então, não havia evidências similares na literatura. O cardiologista Henrique Tria Bianco, da Unifesp, afirma que essas descobertas abrem novas oportunidades para aprofundar o entendimento da fisiopatologia em pacientes com infarto do miocárdio.

Importância do Delta Glicêmico

A pesquisa destacou que um exame simples e acessível, como a hemoglobina glicada, pode atuar como um biomarcador eficaz. Pacientes com um delta glicêmico elevado têm maior massa infartada e necessitam de proteção miocárdica, envolvendo o controle da glicemia e a utilização de betabloqueadores para melhorar o prognóstico.

Contexto do Infarto no Brasil

O infarto agudo do miocárdio é uma das principais causas de morte no Brasil, com estimativas entre 300 mil e 400 mil casos anuais, resultando em um óbito a cada cinco a sete registros. É caracterizado pela morte celular do músculo cardíaco devido à formação de coágulos que bloqueiam o fluxo sanguíneo. Os sintomas incluem dor intensa no peito, que pode irradiar para as costas, rosto ou braço, e requer atendimento imediato para reduzir riscos fatais.

Análise dos Resultados

A amostra do estudo incluiu pacientes acima de 18 anos que receberam tratamento fibrinolítico em até seis horas após o início dos sintomas. O tratamento padrão para o infarto inclui a angioplastia primária e o uso de fibrinolíticos. Os resultados mostraram que um delta glicêmico elevado está associado a infartos maiores e menor FEVE.

Os pesquisadores pretendem validar esses resultados em outras populações e investigar os mecanismos moleculares envolvidos para desenvolver terapias que possam mitigar desfechos adversos em grupos de alto risco.

O artigo completo "Impact of elevated glucose levels on cardiac function in STEMI patients: glucose delta as a prognostic biomarker" pode ser acessado em https://dmsjournal.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13098-025-01738-0.

Informações da Agência FAPESP

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