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Secas Intensas e Frequentes Afetam Capacidade da Amazônia de Recircular Água e Armazenar Carbono

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Impactos da Estação Seca na Amazônia: Estresse Hídrico e Mudanças Climáticas

A Amazônia tem enfrentado um aumento significativo nas áreas afetadas e na duração da estação seca nas últimas décadas. A combinação desse cenário com eventos extremos de temperatura, como as ondas de calor de 2020, somada ao desmatamento e ao uso do fogo, tem intensificado o estresse hídrico das árvores. Isso, por sua vez, impacta negativamente a capacidade da floresta em realizar a ciclagem da água e em estocar carbono, essenciais para preservar o ecossistema.

Pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e do Laboratório de Sistemas Tropicais e Ciências Ambientais (Trees) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) têm conduzido estudos que reforçam essas conclusões. Durante a 77ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), foram apresentados dados que revelam os desafios enfrentados pela Amazônia.

Estresse Hídrico e Ciclagem da Água

A água é fundamental para a sobrevivência do bioma amazônico. Aproximadamente 50% a 60% das chuvas na região provêm da evaporação do oceano, que é então distribuída pela floresta através da evapotranspiração. Contudo, a redução das chuvas e o aumento das temperaturas têm afetado essa dinâmica, resultando no comprometimento da ciclagem regional da água. O aumento da temperatura também eleva as demandas metabólicas das árvores, gerando perdas significativas de carbono.

Além disso, temperaturas mais altas podem prejudicar a fotossíntese, aumentando a fotorrespiração e causando danos nas folhas. Estudos indicam que a mortalidade de árvores está crescendo, com grandes árvores, fundamentais para captar água do solo, sendo significativamente afetadas.

Consequências Ambientais do Estresse Hídrico

As mudanças climáticas têm resultado em um aumento na duração da estação seca na Amazônia, que, entre 2000 e 2023, afetou 63% da região em 2015, com números que variaram nos anos seguintes. O prolongamento da seca pode levar à morte de árvores, o que modifica a estrutura da floresta e impacta o ciclo hidrológico.

Aumentando a Inflamabilidade da Floresta

As florestas que sofreram déficit hídrico em 2005 perderam aproximadamente 100 toneladas de carbono por hectare. Os pesquisadores destacam que, a cada aumento de um grau na temperatura, há uma redução de 6% nos estoques de carbono da floresta. A fragmentação da paisagem florestal torna as áreas mais vulneráveis a incêndios, com as regiões fragmentadas apresentando um aumento significativo na área queimada em comparação com áreas contínuas.

Refúgios Hidrológicos e Resiliência

Dados indicam que algumas regiões da Amazônia oferecem refúgios hidrológicos capazes de ajudar a floresta a resistir ao aumento da frequência e intensidade das secas. Em particular, florestas com lençol freático raso demonstraram maior resiliência, enquanto aquelas com lençol profundo apresentaram maior mortalidade. É importante considerar que muitas das pesquisas focam em áreas de lençol freático profundo, o que pode não refletir a verdadeira resposta da floresta às mudanças climáticas.

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Essas descobertas ressaltam a urgência de refletir sobre as práticas de conservação e manejo da Amazônia, especialmente considerando seu papel crucial na regulação do clima e na biodiversidade global.

Informações da Agência FAPESP

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