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Desmatamento da Amazônia eleva o risco de novas pandemias

5 Min

Amazônia: Um Baú de Patógenos e Ameaças à Saúde Pública

A Amazônia é uma das florestas mais ricas e complexas do planeta. Este ecossistema não é apenas a casa de uma variedade extraordinária de vida; ele também abriga uma vasta gama de vírus, bactérias e outros agentes microscópicos que podem representar sérios riscos à saúde humana. Nesse contexto, as consequências da degradação deste bioma se tornam ainda mais alarmantes, pois a interação entre humanos e esses patógenos tem se intensificado, aumentando os riscos de novos surtos de doenças.

Considerada essencial para a regulação do clima global, a Amazônia absorve enormes quantidades de carbono e influencia os ciclos hidrológicos que afetam os padrões de chuva ao redor do planeta. A floresta desempenha assim um papel vital na luta contra as mudanças climáticas. No entanto, fatores como o desmatamento, o garimpo ilegal e outras atividades destrutivas têm aumentado a exposição da população a esses patógenos. Cientistas alertam que essa degradação pode ser o gatilho para futuras epidemias ou pandemias.

Dados da BBC indicam que doenças já se manifestaram fora do bioma. A febre Oropouche, por exemplo, originou-se na floresta, mas já foi detectada em diversos estados brasileiros, como Roraima, Acre, e até na Bahia e Espírito Santo. Isso demonstra claramente como as doenças podem "fugir" de seu habitat natural e afetar regiões distantes.

O biólogo Joel Henrique Ellwanger, do Departamento de Genética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explica que as interferências humanas na natureza causam um deslocamento da fauna. Com o desmatamento, os animais que, originalmente, atuam como reservatórios naturais para certos patógenos buscam novos lares, e os insetos vetores, como o mosquito, acabam se alimentando de humanos em vez de animais silvestres.

“Quando ocorre o desmatamento, toda a fauna daquela região se move. Muitos desses animais servem de reservatórios para patógenos. Os vetores que transmitem doenças como malária se apresentam como sérios riscos para a população”, descreve Ellwanger. Considere que os vetores não discriminam mais entre espécies; eles vão em busca de sangue de qualquer espécie disponível — incluindo humanos.

O problema se agrava ainda mais devido à enorme diversidade de vida na Amazônia, que abriga um vasto oceano de microorganismos dos quais temos extrema dificuldade em estudar e entender. Embora os cientistas tenham apenas explorado uma pequena fração dessa biodiversidade microbiana, somente agora começamos a perceber os riscos da degradação. “Estudos mostram que quase nada é conhecido sobre a diversidade de patógenos na Amazônia”, afirma o biólogo, ressaltando que esse desequilíbrio torna a floresta uma “tempestade perfeita” para a propagação de doenças infecciosas.

Além da febre Oropouche, outro vírus que merece atenção é o mayaro, transmitido por mosquitos, assim como a malária. A possibilidade de uma nova pandemia originada da Amazônia preocupa especialistas. As vozes de alerta são unânimes ao sugerir que as melhores formas de evitar futuras crises de saúde pública estão na preservação ambiental e no investimento em novas pesquisas.

Isso envolve não apenas reduzir a destruição da floresta, mas também ampliar o conhecimento sobre os patógenos presentes. Para isso, novas iniciativas de conservação e catalogação de dados sobre doenças devem ser criadas para entender melhor como interagir com este ecossistema único de maneira segura e sustentável.

Se de um lado, a Amazônia é um tesouro ecológico, por outro, a intervenção humana torna-se uma preocupação crescente. Um apelo urgente se faz necessário para que a preservação desse bioma essencial seja tratada como uma prioridade tanto ambiental quanto de saúde pública, garantindo assim a proteção não apenas do meio ambiente, mas também das comunidades que aí habitam. A preservação da Amazônia é, na verdade, uma salvaguarda vital para a população em escala global.

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