Estrutura da Economia Azul no Brasil: Estudo Revela Impactos e Oportunidades
Um estudo inovador realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) analisou a economia azul no Brasil, que abrange todas as atividades econômicas ligadas aos recursos marinhos. Utilizando um modelo inter-regional de insumo-produto, os autores identificaram tanto os impactos diretos quanto os indiretos dessas atividades, destacando a relevância econômica do litoral e sua conexão com as áreas interiores do país.
Detalhes do Estudo
A pesquisa, liderada pelo professor Eduardo Haddad e pelo pesquisador Inácio Araújo, foi publicada no periódico Ocean Sustainability. Os pesquisadores destacam a inovação em quantificar a economia do mar, enfatizando a interconexão da estrutura produtiva e sua dimensão geográfica. “Isso gerou um conhecimento que pode servir de base para outros modelos”, afirmou Haddad.
Dados Importantes sobre a Economia Azul
Em 2019, as atividades diretamente ligadas à economia azul representaram 2,91% do PIB e 1,07% do emprego nacional. O setor mais significativo foi a extração de petróleo e gás natural, respondendo por 60,4% do PIB Azul, seguido pela administração pública e defesa (7,4%) e transporte e armazenagem (7,3%). "A maior parte do PIB Azul vem do petróleo offshore", informou Haddad.
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Interconexões Econômicas
Um dos principais achados do estudo é como a economia do mar está intrinsecamente ligada a cadeias produtivas em áreas não costeiras. Considerando os efeitos indiretos, o impacto da economia azul sobe para 6,39% do PIB e 4,45% do emprego. Esse fenômeno demonstra que a retirada de uma atividade marinha, como a pesca, afeta toda a cadeia de valor econômica.
Diversidade Regional na Economia Azul
Embora a economia azul brasileira esteja concentrada no Sudeste, com os estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo respondendo por 82% da produção direta, o estudo mostrou uma diversidade de especializações regionais. No Sudeste e parte do Sul, a extração de petróleo e o transporte marítimo são preponderantes, enquanto o Nordeste se destaca em turismo costeiro e pesca artesanal.
Desafios e Oportunidades
O estudo recomenda a superação da fragmentação nas políticas marítimas. Apesar de existir uma Política Nacional para os Recursos do Mar, a falta de articulação ainda impede que os recursos oceânicos sejam utilizados de forma sustentável. "A lógica é permitir que políticas públicas sejam mais bem calibradas à realidade de cada território", acrescentou Haddad.
Aplicação da Metodologia
A metodologia desenvolvida já está sendo aplicada em regiões com economias que dependem do mar, como Ilha da Madeira, Açores e Peru. O objetivo é contribuir para decisões ambientais e econômicas mais justas e eficazes.
Para acessar o artigo completo intitulado "Tons de Azul: a estrutura regional da economia oceânica no Brasil", visite Nature.com.
Conclusão
A pesquisa destaca a importância de uma abordagem integrada para a economia azul, olhando além do litoral e considerando o impacto econômico abrangente que essas atividades têm sobre o Brasil.
Informações da Agência FAPESP
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