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Tubarão-azul: um camaleão dos mares com pele que muda de cor

4 Min

Descoberta Inédita: Tubarão-Azul e Sua Capacidade de Mudança de Cor

Uma nova pesquisa traz à tona informações surpreendentes sobre o tubarão-azul (Prionace glauca). Cientistas da Universidade da Cidade de Hong Kong descobriram que esses tubarões têm a habilidade de mudar de cor dinamicamente, similar a um camaleão. Essas revelações inovadoras foram reveladas em uma apresentação realizada na última Conferência Anual da Society for Experimental Biology, em Antuérpia, na Bélgica.

A coloração azul do tubarão não é apenas fruto dos pigmentos presentes, mas resulta de uma complexa interação entre cristais de guanina e vesículas que contém melanina. Essas estruturas estão organizadas nas escamas do tubarão, chamadas de dentículos dérmicos. Elas atuam como refletoras e absorvedoras de luz, aprimorando a intensidade da cor azul.

Segundo a pesquisadora Viktoriia Kamska, os cristais de guanina funcionam como pequenos espelhos que refletem a luz azul. Os melanossomos, por sua vez, absorvem outros comprimentos de onda. "É como se fossem sacos cheios de espelhos e sacos com absorvedores pretos, organizados de forma coordenada", explica Kamska. Essa estruturação inovadora foi explorada utilizando diversas técnicas, incluindo microscopia óptica e eletrônica, bem como simulações computacionais.

As simulações realizadas indicam que alterações sutis na distância entre as camadas de cristais de guanina podem modificar a tonalidade da pele. Quando essas camadas estão mais próximas, a pele do tubarão revela tons azulados. Em contrapartida, uma maior distância entre as camadas resulta em colorações que variam para verdes ou dourados.

Essas mudanças podem ser ativadas por fatores ambientais, como a pressão da água ou a umidade. Isso permite que o tubarão ajuste sua coloração conforme nada em diferentes profundidades, proporcionando uma vantagem em camuflagem ou contra-sombreamento, essenciais para sua sobrevivência.

O estudo foi financiado pelo Comitê de Subsídios Universitários de Hong Kong e representa uma importante contribuição para a compreensão da evolução dos tubarões. Além disso, as descobertas abrem portas para potenciais aplicações em engenharia bioinspirada. A pele dos tubarões já é reconhecida por oferecer vantagens hidrodinâmicas e capacidades de antifouling — ou seja, prevenir o acúmulo de organismos marinhos nas superfícies.

O professor Mason Dean ressalta que essa combinação funcional é inédita em superfícies marinhas até o momento. Para a indústria, esse conhecimento oferece a oportunidade de desenvolver materiais sustentáveis com coloração estrutural, o que minimizaria a necessidade de usar pigmentos químicos e, consequentemente, reduziria a poluição no ambiente.

Conforme o estudo avança, fica evidente que a natureza tem soluções sofisticadas que ainda não foram completamente exploradas. A flexibilidade de cor observada no tubarão-azul pode aguçar o interesse da ciência e da tecnologia para criação de novos produtos e métodos que são menos agressivos ao meio ambiente.

Chama a atenção, ainda, como questões de sustentabilidade e preservação ambiental se conectam com essas pesquisas. O potencial para desenvolver soluções ecológicas promete fortalecer as práticas industriais e contribuir para a preservação de nossos ecossistemas marinhos.

Neste século XXI, é essencial que a tecnologia evolua acompanhando as determinações da natureza. Assim, os profissionais da área têm a responsabilidade de traduzir essas descobertas científicas em práticas sustentáveis, promovendo um futuro em que a interação do ser humano com o planeta seja mais harmônica e respeitosa.

Astande futuras implicações, o conhecimento gerado sobre o tubarão-azul não deve apenas permanecer nas páginas de revistas científicas. Ele deve ser disseminado e utilizado para inspirar novas formas de pensar sobre materiais, designs e métodos que respeitem tanto a vontade da natureza quanto as necessidades humanas.

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