Gestão de Riscos de Desastres em Áreas Urbanas: Desafios e Soluções
Com a intensificação dos impactos das mudanças climáticas nas áreas urbanas, é essencial fortalecer a gestão de riscos de desastres. Um recente estudo do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) propõe uma política pública baseada em cinco frentes principais para melhorar a eficiência das defesas civis:
- Profissionalização de Gestores: Capacitar líderes e equipes que atuam nas defesas civis, promovendo uma gestão mais qualificada.
- Desenvolvimento Regional: Adaptar as capacidades de resposta às especificidades de cada região e bioma.
- Orçamento Municipal: Garantir a alocação de recursos financeiros próprios para as defesas civis.
- Comunicação Eficiente: Estabelecer um fluxo contínuo de informações antes, durante e após desastres.
- Participação Social: Envolver a comunidade e promover uma abordagem intersetorial.
Essas medidas visam abordar os principais desafios enfrentados pelas defesas civis municipais, como a dificuldade de monitoramento da expansão urbana em áreas vulneráveis a inundações e deslizamentos, equipes insuficientes e falta de integração com outras áreas administrativas.
Metodologia do Estudo
A pesquisa utilizada abrangeu dados quantitativos e qualitativos coletados entre outubro de 2020 e dezembro de 2021. Incluiu um questionário online respondido por 1.993 dos 5.568 municípios brasileiros e entrevistas com 31 representantes de diferentes regiões, além de dez grupos focais virtuais com 260 participantes.
Os resultados revelaram que cerca de 43% dos entrevistados se consideram pouco qualificados para agir antes dos desastres, e apesar de 60% se sentirem capazes de avaliar danos, a maioria não utiliza sistemas de alerta precoce nem mantém um inventário de moradores em áreas de risco.
Reconhecimento da Realidade
O artigo "Desafios de implementação de políticas de gestão de riscos de desastres: as capacidades organizacionais das unidades municipais de defesa civil", publicado no International Journal of Disaster Risk Reduction, também considera os dados do projeto Elos, que diagnosticou as necessidades e capacidades municipais. O estudo enfatiza a urgência de soluções para esses desafios, especialmente em um contexto onde eventos climáticos extremos têm afetado drasticamente muitas regiões.
Por exemplo, em maio de 2024, o Rio Grande do Sul viu 96% de seus municípios impactados por inundações e deslizamentos, levando a uma reflexão sobre a eficácia das medidas tomadas até então.
O Papel dos Dados na Prevenção
O Atlas Digital de Desastres no Brasil, da Defesa Civil Nacional, registrou mais de 11.400 ocorrências de desastres entre 2014 e 2024, afetando aproximadamente 63 milhões de pessoas. O Cemaden está atualmente coletando novos dados com foco na prevenção, com o intuito de entender melhor como as defesas civis estão lidando com o mapeamento de riscos e sistemas de alerta.
As futuras investigações buscarão aprimorar a coordenação entre diferentes organizações e promover a participação ativa da sociedade na gestão de riscos, abordando também questões como desinformação e comunicação eficaz de riscos.
Conclusão
A gestão de riscos de desastres requer uma abordagem abrangente e proativa. Fortalecer as capacidades das defesas civis e envolver a comunidade é crucial para garantir uma resposta eficiente frente às crescentes ameaças impostas pelas mudanças climáticas. O estudo do Cemaden representa um passo significativo nesse caminho, propondo soluções que podem servir de modelo para outras regiões afetadas por desastres.
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Informações da Agência FAPESP