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Tilápias Geneticamente Resistentes a Bactérias: A Nova Geração que Garante um Pescado Mais Seguro

4 Min

Franciselose: Ameaça à Piscicultura Brasileira

A franciselose, uma doença bacteriana causada pela Francisella orientalis, representa uma séria ameaça à criação de tilápias-do-nilo (Oreochromis niloticus) no Brasil, especialmente nos meses mais frios. Essa enfermidade pode provocar alterações nos órgãos, como baço, rins e fígado, e sua incidência está associada a taxas de mortalidade que podem ultrapassar 60% nas criações comerciais.

Melhoramento Genético como Solução

Um estudo realizado no Centro de Ciência para o Desenvolvimento em Sanidade na Piscicultura, com apoio da FAPESP, demonstrou que a seleção genética de tilápias resistentes à franciselose é uma alternativa viável. Com os resultados publicados na revista Aquaculture, os pesquisadores indicam que essa abordagem representa uma estratégia sustentável para mitigar os impactos da doença na aquicultura.

Pesquisadores do Centro de Aquicultura da Universidade Estadual Paulista (Caunesp) e do Instituto de Pesca (IP-APTA) conduziram a pesquisa em dois ciclos de seleção, avaliando 112 famílias de tilápias quanto à sua resistência à Francisella orientalis. O pesquisador Baltasar Garcia, que liderou o estudo, ressalta que os dados mostram uma base genética consistente para a resistência à doença, permitindo ganhos genéticos rápidos.

Impactos na Produção

Com a adoção de programas de melhoramento genético, os pesquisadores observaram que os valores genéticos dos peixes da geração selecionada eram 80% mais altos em termos de sobrevivência. Isso representa uma mudança significativa para os produtores, especialmente durante o inverno, quando os surtos de franciselose são mais recorrentes.

Os testes controlados mostraram que as famílias selecionadas apresentaram tempos de sobrevivência significativamente maiores em comparação aos grupos-controle, evidenciando a eficácia da seleção genética.

Redução da Dependência de Antibióticos

A Francisella orientalis provoca letargia, perda de apetite e alta mortalidade em alevinos e juvenis. O Brasil, que produz 8,3% da tilápia mundial, enfrenta surtos desde 2014, aumentando a necessidade de estratégias de controle eficazes.

A utilização de antibióticos tem sido o método predominante de combate à doença, mas gera preocupações ambientais. A pesquisa mostra que a seleção genética pode ser uma solução de longo prazo, mais sustentável e com menor dependência de tratamentos químicos.

Estratégias Integradas contra Doenças

A pesquisadora Maria José Tavares Ranzani de Paiva, coordenadora do estudo, destaca a importância do desenvolvimento de soluções integradas para abordar as doenças na piscicultura, incluindo ferramentas de diagnóstico rápido e vacinas eficazes. O objetivo é fortalecer a aquicultura brasileira, promovendo segurança alimentar e qualidade genética.

Com novos programas de seleção genética e a integração de análises genômicas, a expectativa é que os produtores no futuro possam adquirir alevinos com resistência a doenças, contribuindo para a sanidade do setor.

Conclusão

O estudo sobre a resistência à Francisella orientalis abre novas perspectivas para a piscicultura no Brasil, ressaltando a necessidade urgente de implementar estratégias de melhoramento genético. Essa abordagem pode reduzir as perdas econômicas e o uso de antibióticos, promovendo um futuro mais sustentável para a aquicultura brasileira.

Para mais informações, acesse o artigo Genetic selection for resistance to Francisella orientalis shows significant selection response in Nile tilapia.

Informações da Agência FAPESP

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