O Avanço na Sustentabilidade da Aviação: A Iniciativa do Combustível Sustentável de Aviação (SAF)
Nos últimos anos, a indústria da aviação tem se empenhado em buscar alternativas ecológicas para seus combustíveis. Uma das iniciativas mais promissoras é o uso do SAF (sigla em inglês para "sustainable aviation fuel", ou combustível sustentável de aviação), que vem sendo adotado lentamente por fornecedores, companhias aéreas e fabricantes.
Em maio de 2021, a Air France realizou um marco histórico ao realizar o primeiro voo de longa distância utilizando óleo de cozinha como combustível. A trajetória foi realizada entre Paris, na França, e Montreal, no Canadá, levando cerca de sete horas. Com essa ação, a companhia aérea declarou ter evitado a emissão de aproximadamente 20 toneladas de CO2.
Outro exemplo notável ocorreu em maio de 2025, quando a Japan Airlines utilizou o mesmo tipo de combustível com passageiros. A viagem, partindo da região de Osaka, no Japão, com destino a Xangai, na China, teve uma duração de 2 horas e 48 minutos. Essas iniciativas demonstram um crescente compromisso da aviação com a sustentabilidade.
Como Funciona o Uso do Óleo de Cozinha como Combustível de Aviões?
O funcionamento do SAF envolve uma sofisticada técnica para transformar resíduos em combustível utilizável. Primordialmente, o óleo de cozinha usado é filtrado para desalojar impurezas, tais como pedaços de alimentos. A seguir, o material passa por um processo de refinação, tornando-se quimicamente similar ao querosene convencional. Essa incompatibilidade permite que o SAF seja misturado ao combustível tradicional sem a necessidade de realizar alterações nos motores das aeronaves.
Contudo, surge a questão: o SAF sempre precisa ser misturado ao combustível tradicional para ser utilizado? A resposta a essa dúvida é negativa. Apesar disso, a total adoção do SAF nas aeronaves ainda não se faz possível, e abaixo seguem algumas razões para tal situação.
A Implementação Gradual do SAF na Aviação
O planejamento das companhias aéreas envolve uma implementação gradual do SAF, visando a descarbonização completa da aviação até 2050. Desde 2025, a União Europeia exigirá que as transportadoras aéreas utilizem, no mínimo, 2% de combustíveis sustentáveis. A previsão é de que essa meta seja expandida a cada cinco anos, com o objetivo de alcançar pelo menos 70% de combustível SAF até 2050, em combinação com outros combustíveis sintéticos.
O otimismo para o futuro é palpável, e muitas estimativas indicam que em longo prazo, a aviação poderá operar apenas com biocombustíveis. Contudo, atualmente, alguns obstáculos dificultam essa transição.
Primeiro, destaca-se o custo elevado do processo para coletar e refinar o óleo de cozinha usado. Este custo é atual várias vezes superior ao método de produção de querosene, por exemplo. Além disso, a quantidade de biocombustível disponível no mercado ainda é limitada. De acordo com a IATA (Associação Internacional de Transportes Aéreos), em 2022 foram produzidos apenas 300 milhões de litros de SAF, que representa uma fração inferior a 0,1% do total de combustível de aviação a jato utilizado globalmente.
Por último, a coleta se apresenta como um desafio significativo. Para alcançar um aumento na produção de SAF, é crucial desenvolver uma infraestrutura que suporte a coleta eficaz de resíduos em residências e estabelecimentos comerciais, como restaurantes.
Para Conclusão
A iniciativa de utilizar combustível sustentável na aviação é uma palpitante demonstração de progresso rumo à responsabilidade ambiental. Com esforços coletivos que englobam investigadores, fabricantes, companhias aéreas e consumidores, espera-se que a aviação permita um novo padrão de viagens menos poluentes.
As operações ainda enfrentam dificuldades que precisam ser superadas, mas a determinação na adoção de alternativas sustentáveis sinaliza um novo capítulo para a aviação. Em um futuro não muito distante, o setor pode vislumbrar um céu mais limpo e um planeta mais consciente em relação ao impacto ambiental causado pelos voos.
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