Retrocessos e a Urgência da Ciência no Combate ao Aquecimento Global e à Perda de Biodiversidade
Dez anos após o Acordo de Paris, formalizado em 2015 por 194 países e a União Europeia, o mundo enfrenta retrocessos significativos na luta para manter o aumento da temperatura média global abaixo de 2 °C em comparação aos níveis pré-industriais. Para enfrentar essa crise climática, que está interligada à perda de florestas e biodiversidade, é essencial resgatar e recentralizar o papel da ciência.
Essa avaliação foi apresentada por Bárbara Pompili, embaixadora do meio ambiente, durante a abertura do Fórum Brasil-França sobre Florestas, Biodiversidade e Sociedades Humanas, que ocorre no Museu Nacional de História Natural (MNHN) em Paris.
O evento, organizado pela FAPESP em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), faz parte da FAPESP Week França, que teve início em 10 de junho em Toulouse. Pompili destacou a necessidade de diálogo entre cientistas e os principais atores sociais, enfatizando que a ciência é fundamental para compreender a magnitude dos problemas ambientais e preparar soluções para o futuro.
Rita Mesquita, secretária nacional de biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, reforçou que as melhores soluções para enfrentar as mudanças climáticas são baseadas na natureza e na biodiversidade, ressaltando a interconexão entre a preservação ambiental e a saúde pública.
Desafios das Florestas e a Biodiversidade
Giles Bloch, diretor do MNHN, apontou a diversidade das florestas existentes no mundo e as múltiplas influências que as afetam, como clima e ações humanas. Ele ressaltou a urgência da conservação das florestas, que além de serem ricas em biodiversidade, desempenham um papel crucial na regulação do clima.
Em um contexto global, o Brasil apresenta um desafio ainda maior, com mais da metade de seu território coberto por florestas. Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, enfatizou a riqueza florestal brasileira, que se estende por diversas regiões, com foco na Amazônia.
Zago citou que a FAPESP lidera programas estratégicos de pesquisa sobre biodiversidade e mudanças climáticas, financiando milhares de projetos relacionados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. O programa BIOTA-FAPESP, iniciado há 25 anos, reúne mais de mil pesquisadores e tem contribuído significativamente para pesquisas sobre biodiversidade.
Colaboração Internacional em Pesquisa
A FAPESP é parceira da Agência Nacional de Pesquisa (ANR) da França, promovendo a excelência científica e a colaboração entre pesquisadores. Claire Giry, presidente da ANR, ressaltou a importância dessa parceria para o avanço de projetos que abordam temas de interesse comum.
Eduardo Neves, diretor do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, destacou a contribuição da pesquisa científica para a compreensão da relação histórica entre populações indígenas e a floresta amazônica. Estudos arqueológicos têm revelado que a Amazônia tem sido habitada por povos indígenas há pelo menos 13 mil anos, desafiando a ideia de que a região era inóspita.
Durante o evento, um memorando de entendimento entre a FAPESP e a ANR prevê a realização de simpósios conjuntos focados em temas prioritários como clima, transição ecológica e justiça social.
Leia mais sobre a FAPESP Week França em fapesp.br/week/2025/france.
Informações da Agência FAPESP
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