Novo Medicamento Experimental Promete Inverter Obesidade e Melhorar Metabolismo
Um estudo recente publicado na Nature Metabolism revela um medicamento experimental denominado SANA, que tem mostrado promissores resultados na luta contra a obesidade. Este fármaco estimula as células do tecido adiposo a queimarem energia para produzir calor, um processo chamado termogênese, facilitando a perda de peso.
Eficácia em Modelos Animais
Os testes realizados em animais indicam que o composto não apenas impede o acúmulo de gordura em dietas ricas em lipídeos, mas também reverte disfunções metabólicas associadas à obesidade e resistência à insulina. Resultados preliminares de uma pesquisa clínica sugerem que a substância é segura e pode trazer benefícios metabólicos em humanos.
Carlos Escande, coordenador da pesquisa e pesquisador do Institut Pasteur de Montevideo, menciona que voluntários obesos que participaram do ensaio clínico de fase 1 apresentaram perda de peso e melhoria nos níveis de glicose. Um estudo em fase 2 está previsto para iniciar ainda este ano, focando na eficácia do fármaco no tratamento da obesidade.
Composição do SANA
SANA, um derivado do salicilato, foi inicialmente projetado para ter ação anti-inflamatória. O salicilato é um composto químico com propriedades analgésicas, que dá origem a medicamentos como a aspirina. Escande relata que, em vez de atuarem contra a inflamação, os efeitos do SANA concentram-se na proteção contra a obesidade induzida por dieta.
Mecanismos de Ação e Resultados
Em experimentos, SANA foi administrado a camundongos submetidos a uma dieta rica em gordura, prevenindo ganho de peso no primeiro modelo. Em um segundo modelo, camundongos obesos tratados com SANA experimentaram uma perda significativa de 20% da massa corporal em apenas três semanas. Além disso, foram observadas melhorias na glicemia e na sensibilidade à insulina.
Inovação na Termogênese
O SANA é considerado “first-in-class”, sendo a primeira substância de uma nova classe de fármacos antiobesidade, atuando no tecido adiposo sem efeitos colaterais no sistema nervoso central ou digestivo. Ao contrário da termogênese habitual, que envolve a proteína UCP1, SANA utiliza creatina para gerar calor, permitindo uma ação independente dessa proteína.
A pesquisa demonstrou que mesmo camundongos geneticamente modificados para não expressar a UCP1 apresentaram ativação da termogênese com o SANA. Essa inovação representa uma abordagem promissora frente a tratamentos tradicionais.
Perspectivas Futuras
De acordo com os pesquisadores, a simplicidade estrutural da molécula permite combiná-la com outras terapias já existentes, como análogos de GLP-1, que controlam o apetite, podendo resultar em uma estratégia mais eficaz no combate à obesidade.
O potencial do SANA não se limita apenas à obesidade; também pode ajudar na melhora do controle glicêmico, sem a perda de massa magra, uma preocupação crescente entre a população idosa.
Para mais detalhes, confira o artigo completo em: Nature Metabolism.
Informações da Agência FAPESP