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Pesquisa Brasil-França: Nova Terapia Celular Promissora Contra Câncer

4 Min

Estudo Clínico sobre Imunoterapia com Células CAR-T para Linfoma Óculo-Cerebral

Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) e do Instituto Curie, da Universidade de Ciências e Letras de Paris (PSL), estão iniciando um estudo clínico para avaliar a segurança e eficácia de uma nova imunoterapia com células CAR-T em pacientes com linfoma óculo-cerebral.

Este projeto envolve a transferência de tecnologia entre as instituições, permitindo a produção de linfócitos T geneticamente modificados para tratar este raro tipo de câncer que afeta o sistema nervoso central, comprometendo o cérebro e os olhos.

FAPESP Week e Colaboração Internacional

O escopo do projeto foi apresentado durante a FAPESP Week França, que ocorreu entre 10 e 12 de junho em Toulouse. De acordo com Diego Clé, professor da FMRP-USP e coordenador do projeto, os pesquisadores franceses trarão as versões aprimoradas de células CAR-T para o Brasil, onde contribuirão para as fases finais do desenvolvimento e a realização do estudo clínico. O objetivo é estabelecer um acordo para a transferência de tecnologia e licenciamento para o Sistema Único de Saúde (SUS).

Desenvolvimento de Terapia Celular Avançada

Desde 2019, os pesquisadores da FMRP-USP, em parceria com o Instituto Butantan, vêm desenvolvendo essa terapia celular avançada no Brasil. A estratégia, iniciada em 2017 nos Estados Unidos, envolve a modificação genética de linfócitos T dos próprios pacientes para que possam identificar e eliminar células tumorais.

Em 2022, foi criada em Ribeirão Preto a Nutera, a primeira fábrica de produtos celulares da América Latina, focada na produção de terapia cellular CAR-T. Clé destacou que esses investimentos em pesquisa básica possibilitaram a translação de um produto de bancada para a prática clínica e a escalonagem da produção.

Acessibilidade e Vantagens da Produção Nacional

Os custos de produção de células CAR-T no Nutera são equivalentes a um terço dos produtos comerciais disponíveis atualmente no Brasil, que variam de R$ 2,5 milhões a R$ 3 milhões. Uma das grandes vantagens da produção nacional é a possibilidade de integrar esses tratamentos ao SUS, facilitando o acesso a mais pacientes.

As células CAR-T produzidas são inicialmente direcionadas ao tratamento de leucemia linfoide aguda de células B e linfoma não-Hodgkin de células B, ambas com a proteína-alvo CD19. A estrutura do Nutera também permite o desenvolvimento de CAR-T para outros tipos de câncer.

Pesquisa e Inovação em Câncer e Doenças Autoimunes

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Os pesquisadores planejam utilizar a tecnologia desenvolvida para criar células CAR-T para tratar câncer no sistema nervoso central e doenças autoimunes, como a nefrite lúpica. As expectativas são iniciar o ensaio clínico no próximo ano.

Pioneirismo na Terapia CAR-T

A França desempenhou um papel crucial no desenvolvimento da terapia CAR-T, com contribuições de cientistas como Michel Sadelain, um dos pioneiros na introdução de engenharia genética nas células T. No cenário europeu, mais de 5 mil pacientes já foram tratados com CAR-T na França, em contraste com menos de 100 no Brasil.

Apesar do avanço na pesquisa, a França ainda não conta com um produto desenvolvido localmente, sendo dependente das opções oferecidas por indústrias farmacêuticas globais. A colaboração com a USP visa mudar esse cenário, permitindo a testagem de células CAR-T reprogramadas epigeneticamente em pacientes.

Objetivos do Estudo Clínico

O estudo em parceria com os brasileiros visa recrutar 30 pacientes com diagnóstico de linfoma óculo-cerebral e avaliar a eficácia clínica da dose de células CAR-T injetadas. Essa iniciativa representa um avanço significativo na luta contra o câncer e a busca por tratamentos acessíveis e eficazes.

Informações da Agência FAPESP

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