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Como o Aprendizado de Máquina Pode Prever Nascimento de Bebês com Baixo Peso

4 Min

Predição de Baixo Peso ao Nascer com Aprendizado de Máquina

Bebês que nascem com baixo peso, definido como menos de 2,5 kg, enfrentam um risco 20 vezes maior de mortalidade e estão mais propensos a desenvolver doenças neurológicas, cardiovasculares, diabetes e problemas de crescimento no futuro. Um estudo inovador da Universidade de São Paulo (USP) revela que modelos de aprendizado de máquina podem prever esses casos críticos, permitindo intervenções precoces e eficazes.

Metodologia do Estudo

A pesquisa utilizou dados de 1.579 gestantes acompanhadas em um estudo populacional em Araraquara, São Paulo. Essa é uma das primeiras aplicações de algoritmos avançados de machine learning para essa questão no Brasil, sendo financiada pela FAPESP e contrastando com a maioria dos estudos realizados em países desenvolvidos.

Os pesquisadores testaram quatro algoritmos de machine learning: Random Forest, XGBoost, LightGBM e CatBoost. O XGBoost se destacou, mostrando a melhor capacidade de identificar gestações com risco elevado de baixo peso ao nascer.

Impactos na Prática Clínica

As descobertas têm implicações significativas na prática clínica e na formulação de políticas públicas. O uso de inteligência artificial pode permitir intervenções mais precoces que ajudem a reduzir os riscos associados ao baixo peso ao nascer, melhorando a saúde materno-infantil. A professora Patrícia Rondó, coordenadora do estudo, enfatiza a importância dessas tecnologias na promoção de intervenções como suplementação nutricional e aumento das consultas pré-natais.

Baixo Peso ao Nascer: Um Problema Global

O baixo peso ao nascer é um problema de saúde global, relacionado a complicações médicas e fatores socioeconômicos, como idade materna e acesso ao pré-natal. Apesar do avanço nos modelos preditivos, muitos ainda utilizam dados de países de alta renda, limitando as aplicações em regiões como o Brasil e a América Latina.

Os autores sugerem que a tecnologia pode proporcionar intervenções precoces essenciais, ajudando a minimizar os efeitos do baixo peso em recém-nascidos.

Coorte de Araraquara

A coorte de Araraquara, que avaliou 2 mil gestantes e suas crianças desde a fase fetal, oferece dados representativos da região. Esses dados têm sido fundamentais para a investigação de obesidade e fatores associados a doenças. Audêncio Victor, cientista de dados e coautor do estudo, afirma que essa base de dados é única por fornecer informações de uma população com características distintas das do Norte Global.

Considerações Finais sobre Aplicabilidade

Fatores como idade materna, variáveis antropométricas e nível socioeconômico são determinantes essenciais para o baixo peso ao nascer. Victor ressalta que um modelo preditivo baseado em variáveis de baixo custo e rotineiramente coletadas pode ser implementado em regiões com recursos limitados.

Os pesquisadores também destacam que , embora o modelo funcione na região Sudeste do Brasil, adaptações serão necessárias para que seja aplicável em outras regiões, como a Amazônia ou países africanos, devido às especificidades populacionais.

Para aprofundar-se no tema, acesse o artigo Predicting low birth weight risks in pregnant women in Brazil using machine learning algorithms: data from the Araraquara cohort study.

Informações da Agência FAPESP

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