Foi lançado, com um investimento de R$ 14,5 milhões da FAPESP, o Centro de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas do Brasil. Esta iniciativa é resultado de uma parceria entre o Museu da Língua Portuguesa e o Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP). O objetivo é pesquisar, documentar e difundir a riqueza linguística e cultural dos povos indígenas do Brasil.
Importância do Centro de Documentação
Representantes da FAPESP e do Ministério dos Povos Indígenas assinaram um Protocolo de Intenções para fortalecer a cooperação em pesquisas sobre os povos indígenas. A ministra Sônia Guajajara destacou que o centro simboliza a resistência e a valorização dos povos originários, ressaltando que suas línguas são "bibliotecas vivas". A extinção dessas línguas representa a perda de vastos conhecimentos.
Estratégias de Documentação e Preservação Cultural
O Brasil, embora seja um país de língua oficial única, é extremamente multilíngue, abrigando mais de 300 povos indígenas que falam 274 línguas. O centro visa documentar não apenas as línguas, mas também seu uso nas culturas indígenas. Serão catalogados textos, áudios e vídeos que retratem as artes verbais e práticas culturais dos povos nativos.
"A ciência e a tecnologia desempenham um papel crucial na preservação e na promoção das línguas indígenas", afirma Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP. O centro atuará em três frentes principais: pesquisa, um repositório digital de acesso gratuito e comunicação cultural, com a participação ativa das comunidades indígenas.
Contribuições e Inovações
A artista visual Daiara Tukano comentou sobre a importância do projeto como um avanço democrático e uma construção coletiva, onde a cultura indígena é valorizada como parte ativa da sociedade contemporânea. As coleções digitais serão formadas a partir de pesquisas em regiões multilíngues, como Rondônia e a Região das Guianas, que enfrentam pressões econômicas e socioambientais.
Eduardo Góes Neves, diretor do MAE-USP, ressaltou que o centro trará inovações ao registro e à preservação das culturas, tornando-se uma referência mundial. Renata Motta, do Museu da Língua Portuguesa, destacou a iniciativa como uma articulação inovadora entre pesquisa, documentação e difusão cultural, alinhada à Década Internacional das Línguas Indígenas da Unesco.
Compromisso com a Diversidade
O lançamento do centro reflete o compromisso do Brasil com a diversidade linguística e a dignidade dos povos indígenas. O projeto busca replantar as "palavras" e os "corações", reforçando que a cultura indígena é uma vitalidade presente e futura.
Informações da Agência FAPESP