A mistura dos óleos de linhaça e de castanha-do-pará modificada quimicamente surge como uma opção sustentável para a produção de biopolímeros plásticos. Um estudo da Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista (FC-Unesp), em Bauru, apoiado pela FAPESP, destaca essa inovação (projetos 24/02562-0, 21/02152-9, 21/14879-0, 24/00779-2, 22/03489-0).
Os resultados são promissores para o mercado de bioplásticos, que deve crescer 400% entre 2022 e 2028. Essa demanda crescente traz à tona a necessidade de novas matérias-primas sustentáveis. Os óleos vegetais, por serem derivados de fontes biológicas renováveis e potencialmente biodegradáveis, são opções viáveis. No entanto, seu uso em grande escala enfrenta desafios devido à sazonalidade e à disponibilidade regional.
Gilbert Bannach, professor do Departamento de Química da FC-Unesp e coordenador do estudo, explica: “Pesquisamos a viabilidade de utilizar misturas de óleos vegetais modificadas para produzir polímeros com propriedades equivalentes às obtidas a partir de óleos individuais, ampliando as possibilidades de aplicação desses recursos naturais.”
Os pesquisadores combinaram óleo de linhaça e castanha-do-pará em proporções variadas para alcançar um índice de iodo similar ao do óleo de semente de uva. Esse índice é crucial, pois indica o tipo e a quantidade de ligações duplas nos ácidos graxos, influenciando as propriedades finais dos polímeros.
As misturas foram quimicamente modificadas e polimerizadas. A caracterização térmica e mecânica dos polímeros obtidos demonstrou propriedades comparáveis às dos derivados de um único óleo vegetal.
“Essa pesquisa mostrou que é possível ajustar o índice de iodo, estabelecendo uma relação entre esse indicador e a composição da mistura”, afirma Bannach. “Portanto, a falta de um determinado óleo pode ser superada pelo uso de misturas com propriedades semelhantes.”
O artigo "Linear dependence of iodine value on the mass fraction of vegetable oils: a new way to overcome seasonal challenges for renewable polymer manufacturing" pode ser acessado aqui.
Informações da Agência FAPESP