Ação do Hormônio FGF19 no Controle do Gasto Energético
Pesquisas com camundongos revelaram como o hormônio FGF19, liberado pelo intestino, desempenha um papel crucial na regulação do gasto energético. Este fator de crescimento potencializa o uso de energia, promove a queima de gordura e auxilia no controle do peso e da glicemia, especialmente em animais obesos.
Mecanismos de Ação do FGF19
Os efeitos do FGF19 estão associados à sua atuação no hipotálamo, uma região cerebral que integra sinais periféricos e ambientais, regulando assim o metabolismo energético. O estudo identificou que a sinalização do FGF19 no hipotálamo aumenta a atividade dos adipócitos termogênicos, células de gordura que queimam energia para gerar calor.
Implicações Terapêuticas
A descoberta pode abrir caminhos para novas opções de tratamento para obesidade, diabetes e distúrbios metabólicos. Isso se assemelha ao uso de medicamentos atuais, como o Ozempic, que utiliza a semaglutida para ativar hormônios que sinalizam saciedade ao cérebro.
De acordo com a pesquisa, o FGF19 também reduz a inflamação periférica e melhora a tolerância ao frio. Curiosamente, seus efeitos desaparecem quando a atividade do sistema nervoso simpático é inibida. A exposição ao frio aumenta a expressão de receptores do FGF19 no hipotálamo, sugerindo um papel crucial desse hormônio na termorregulação e no equilíbrio energético.
Papel do FGF19 na Obesidade
Helena Cristina de Lima Barbosa, professora da Unicamp, destaca que, além de reduzir a ingestão alimentar, o FGF19 estimula o gasto energético nos tecidos adiposos, ou seja, tem um impacto significativo na termogênese, tornando-se uma potencial terapia contra a obesidade.
Contexto Global da Obesidade
O Atlas Mundial da Obesidade 2025 alerta que, se as tendências atuais persistirem, não seremos capazes de controlar a crescente incidência de doenças crônicas como diabetes e obesidade. Mais de 1 bilhão de pessoas sofre de obesidade, com projeções que indicam que este número pode ultrapassar 1,5 bilhão até 2030, caso não sejam implementadas medidas eficazes. No Brasil, aproximadamente 31% da população vive com obesidade, e entre 40% e 50% da população adulta não pratica atividades físicas de forma regular.
Metodologia da Pesquisa
O FGF19, produzido no intestino delgado, regula a produção de ácidos biliares e a síntese de glicose e lipídios no fígado. A pesquisa envolveu a administração direta do hormônio no cérebro de camundongos obesos, demonstrando que a sinalização central do FGF19 melhora a homeostase energética e estimula a termogênese dos tecidos adiposos.
Avanços Futuros
Os pesquisadores agora buscam entender como estimular a produção de FGF19 e seu papel nas inflamações associadas às dietas ricas em gordura. O artigo sobre estas descobertas foi publicado na American Journal of Physiology – Endocrinology and Metabolism e é considerado um dos destaques do mês.
Para mais detalhes, acesse o estudo completo: Central FGF19 signaling enhances energy homeostasis and adipose tissue thermogenesis through sympathetic activation in obese mice.
Informações da Agência FAPESP