A FAPESP lançará, nas próximas semanas, uma chamada pública para financiar o sequenciamento de 15 mil genomas humanos no Estado de São Paulo. Esse novo aporte aumentará o número total de sequenciamentos da Rede Genoma SUS de 21 mil para 36 mil, com o objetivo de caracterizar os aspectos genômicos que impactam a saúde da população brasileira.
A Rede Genoma SUS reúne pesquisadores de oito centros de diversos Estados, integrando o programa nacional Genomas Brasil do Ministério da Saúde. A informação foi confirmada pelo coordenador da Rede, Leandro Colli, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP. Colli moderou a conferência "Envelhecimento saudável e produtividade agrícola: o papel da genômica nas políticas públicas", realizada no dia 7 de maio, na Assembleia Legislativa de São Paulo.
A chamada pública destina-se a grupos de pesquisa em São Paulo que já possuem amostras e dados clínicos, mas que ainda não participam do Genoma SUS. Os grupos poderão submeter projetos demonstrando a relevância de suas coortes. A expectativa é que grupos experientes, como o do InCor, se inscrevam, abordando uma perspectiva poligênica que envolva múltiplas variantes em condições como câncer e doenças cardiovasculares.
A conferência reuniu especialistas sobre os avanços da genômica e seus impactos no diagnóstico e tratamento de doenças, assim como no melhoramento de espécies vegetais e aumento da produtividade agrícola. Participaram representantes de universidades, instituições de pesquisa e startups de biotecnologia.
Na primeira parte, a geneticista Mayana Zatz, professora da USP, discutiu a aplicação de tecnologias genômicas para o diagnóstico de doenças. Ela mencionou pesquisas sobre centenários brasileiros, buscando identificar genes protetores que possam beneficiar a população.
Iscia Lopes Cendes, da Unicamp, enfatizou a importância da genômica na medicina personalizada, que possibilita tratamentos mais eficazes, e destacou a responsabilidade do Brasil em assegurar equidade e acesso ao diagnóstico e tratamento.
Marcos Santos, CEO da startup Onkos Diagnóstico Molecular, apresentou um teste genômico que evita cirurgias desnecessárias na tireoide, ressaltando a importância da agilidade na adoção de novas tecnologias no SUS.
Na segunda parte, o foco foi na genômica aplicada à agricultura, destacando a citricultura e a cana-de-açúcar. Nelson Wulff, do Fundecitrus, anunciou avanços no sequenciamento da bactéria Xylella fastidiosa, que levou a uma redução drástica da doença nos laranjais. Sabrina Chabregas, do Centro de Tecnologia Canavieira, relatou investimentos em melhoramento genético da cana, visando dobrar a produtividade até 2040.
A conferência, coordenada por Marcio de Castro, diretor científico da FAPESP, destacou a importância do sequenciamento de espécies do hemisfério Sul para segurança alimentar e adaptação às mudanças climáticas. A conferência completa está disponível em YouTube.
Informações da Agência FAPESP
