Efeitos do Excesso de Exercício: Entendendo a Síndrome do Overtraining
O excesso de exercício físico, especialmente sem o devido descanso, pode causar sérios prejuízos ao organismo humano, incluindo a síndrome do overtraining. Essa condição é caracterizada por perda de performance, fadiga crônica, dor muscular, aumento de lesões, e alterações no sistema imune e no metabolismo.
Pesquisa sobre Overtraining
Um estudo publicado na revista Molecular Metabolism destaca a expressão em excesso da proteína PARP1 como um fator crítico na síndrome do overtraining. Pesquisadores da Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas (FCA-Unicamp) descobriram que camundongos submetidos a um regime de treinamento excessivo apresentaram perda de desempenho e alteração comportamental, acompanhados do aumento da expressão da proteína PARP1 na musculatura esquelética.
Resultados do Estudo
Os camundongos que foram submetidos a treinamento excessivo mostraram uma redução de até 19% no tamanho das fibras musculares em comparação com aqueles não treinados. A PARP1, que é ativada em situações de estresse e ajuda a prevenir a morte celular, demonstrou estar hiperativada por conta do exercício excessivo, resultando em danos musculares significativos.
“A proteína é frequentemente associada a condições como obesidade e distrofias musculares. Agora confirmamos sua relação com o dano muscular proveniente do excesso de exercício”, afirma Barbara Crisol, pesquisadora envolvida na análise.
Tratamento e Prevenção
Atualmente, não existe um tratamento específico para a síndrome do overtraining, exceto a suspensão parcial ou total das atividades físicas, que pode variar de semanas a meses. Isso se aplica a atletas profissionais e também a indivíduos não atléticos.
Curiosamente, camundongos tratados com uma droga chamada olaparibe, que inibe a atividade da PARP1, não apresentaram os sintomas típicos do overtraining, mostrando que essa droga pode ser uma fonte promissora para futuras pesquisas em tratamentos.
Estudos em Humanos
Além dos experimentos com camundongos, outro componente do estudo foi realizado com humanos na Escola Sueca de Esporte e Ciências da Saúde, em Estocolmo. Um grupo de voluntários saudáveis foi submetido a um treinamento intenso por três semanas, com sessões de treino aumentadas e tempo de recuperação diminuído.
Os resultados mostraram que o exercício excessivo reduziu a tolerância à glicose, comprometeu a função mitocondrial e afetou a performance física ao final do período de treinamento. Dados obtidos revelaram um aumento na parilação muscular, fenômeno relacionado à atividade da PARP1.
Implicações Clínicas
Os altos níveis da PARP1 também foram associados a doenças musculares, obesidade e outras condições médicas, como caquexia em pacientes de câncer. Portanto, a busca por compostos que possam inibir essa proteína sem causar efeitos colaterais é fundamental para o tratamento de diversas patologias.
Conclusão
O overtraining não só afeta o desempenho físico, mas pode ter impactos significativos na saúde mental. A pesquisa recente mostra que a expressão da PARP1 influencia não apenas a performance atlética, mas também o bem-estar geral. O desenvolvimento de tratamentos que possam mitigar esses efeitos será crucial para atletas e para a população em geral.
Para mais informações, acesse o artigo completo: Excessive exercise elicits poly (ADP-ribose) Polymerase-1 activation and global protein PARylation driving muscle dysfunction and performance impairment.
Informações da Agência FAPESP