Descoberta de 62 Novos Fagos: Avanços na Pesquisa de Controle Biológico de Bactérias
Uma colaboração inovadora entre três Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) da FAPESP resultou na descoberta de 62 novos tipos de fagos, que são vírus capazes de infectar bactérias. Os centros envolvidos são o Centro de Pesquisa em Biologia de Bactérias e Bacteriófagos (CEPID B3), o Instituto Paulista de Resistência aos Antimicrobianos (Projeto ARIES) e o Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC), todos com ênfase em saúde e segurança alimentar.
Essa descoberta abre novas oportunidades para o desenvolvimento de estratégias de controle biológico voltadas à erradicação de bactérias, especialmente aquelas que causam infecções hospitalares e contaminações alimentares.
Liderança e Colaboração
O projeto foi liderado por Julio Cezar Franco, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pesquisador no CEPID B3. Franco contou com a colaboração da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) e do Zoológico de São Paulo, que forneceram as amostras necessárias para a pesquisa.
Durante um ano sabático, Franco se dedicou a essa pesquisa no Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP), onde trabalhou em conjunto com a professora Aline Maria da Silva.
Processo de Isolamento dos Fagos
As amostras iniciais foram coletadas do CEPID ARIES, a CETESB e o Zoológico de São Paulo, abrangendo locais diversos como estações de tratamento de esgoto e hospitais. Franco isolou os fagos presentes nas amostras, cultivando as bactérias em placas de nutrientes. O processo envolveu depositar amostras de fagos nas placas e observar a formação de placas de lise, onde os fagos inocularam e destruíram as bactérias. Esse método resultou no isolamento de 62 novos fagos.
Implicações e Futuras Perspectivas
Os achados não apenas avançam academicamente a pesquisa em microbiologia, mas também apresentam potencial para o desenvolvimento de novas abordagens em saúde e segurança alimentar. "Esse trabalho busca alternativas para combater bactérias resistentes a antibióticos, um desafio crítico nos hospitais," afirma o pesquisador. Além disso, os fagos isolados têm a possibilidade de aplicação na controle de bactérias contaminantes em alimentos, prevenindo surtos de doenças transmitidas por alimentos.
Franco destaca a necessidade de estabelecer coleções e bancos de fagos isolados, permitindo o uso em fagoterapia, uma perspectiva promissora para o futuro próximo. O próximo passo envolve o sequenciamento do DNA dos fagos e das bactérias, visando compreender melhor suas interações.
"É vital estimular parcerias entre os CEPIDs, promovendo interações entre alunos e pesquisadores das instituições", conclui Franco, reforçando o compromisso das universidades públicas com a ciência e a sociedade.
Com informações de Bianca Bosso, do CEPID B3.
Informações da Agência FAPESP