Autolesão em Adolescentes: Um Desafio de Saúde Mental
A adolescência é um período repleto de transformações emocionais e sociais. Muitos jovens enfrentam sérios desafios psicológicos, incluindo o isolamento social e a autolesão, que é a prática de ferir a si mesmo sem intenção suicida. Estudos indicam que aproximadamente um em cada sete adolescentes sofre de problemas mentais, com metade desses casos começando antes dos 14 anos. Além disso, cerca de 14% já se autolesionaram ao menos uma vez, usando essa prática como forma de lidar com angústias internas como depressão e ansiedade.
Impacto da Autolesão na Qualidade de Vida
Esse comportamento não é um sintoma isolado, mas um reflexo de um sofrimento profundo que impacta a qualidade de vida do jovem. A autolesão pode afetar a autoestima, as relações interpessoais e o desempenho escolar, além de aumentar o risco de suicídio. A saúde mental dos adolescentes se tornou uma preocupação global, especialmente após a pandemia de COVID-19, que resultou em um aumento dos sintomas de depressão e ansiedade.
Pesquisa sobre Autolesão Não Suicida
Em 2018, a psicóloga Luiza Cesar Riani Costa, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), iniciou um projeto de iniciação científica financiado pela FAPESP para compreender a autolesão não suicida entre jovens. Os resultados mostraram que os adolescentes veem a autolesão como uma forma de aliviar o sofrimento emocional, sublinhando a importância de um ambiente acolhedor para enfrentar a dor psíquica.
A professora Diene Monique Carlos, colaboradora da pesquisa, destacou que o fenômeno da autolesão ganhou notoriedade no Brasil devido a desafios nas redes sociais que incentivaram os jovens a se ferirem. O aumento dos casos levou escolas a apoiar investigações sobre o tema.
Continuando a Pesquisa
Costa deu continuidade aos estudos durante seu mestrado, aprofundando-se no significado da autolesão não suicida. Os achados resultaram na cartilha "O que alivia a minha dor: fotos e experiências de adolescentes", projetada para escolas, serviços de saúde e profissionais que trabalham com adolescentes. A cartilha foi apresentada em conferências e publicada em revistas acadêmicas.
Metodologia e Abordagem
A pesquisa utilizou a metodologia Photovoice, permitindo que os adolescentes expressassem suas experiências através de fotografias. Nove adolescentes, todas do gênero feminino, participaram, refletindo uma questão de gênero importante, já que meninos não demonstraram interesse em participar. As participantes fotografaram cenas que respondessem à pergunta: "O que alivia a sua dor?"
As fotografias abordaram temas como natureza, animais de estimação, atividades físicas e expressões artísticas. Essas imagens foram analisadas, levando a reflexões sobre autolesão e estratégias de enfrentamento.
Resultados e Divulgação
A cartilha, disponível em português e inglês, é uma ferramenta terapêutica e educativa acessível, desenvolvida com linguagem que ressoa com a vivência dos adolescentes. A professora Carlos acredita que, embora a autolesão ainda persista entre os jovens, a cartilha pode estimular novas possibilidades de alívio para a dor emocional.
Para acessar a cartilha "O que alivia a minha dor: fotos e experiências de adolescentes," visite o Repositório Institucional da UFSCar.
Este tema é crucial para abordar o bem-estar emocional dos adolescentes, enfatizando a necessidade de discussões abertas e apoio psicológico para lidar com os desafios da adolescência.
Informações da Agência FAPESP