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A conexão entre cafeína e ataques de pânico esclarecida

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Os Efeitos da Cafeína na Saúde Mental: Conexões com Ansiedade e Ataques de Pânico

A cafeína, um dos estimulantes mais consumidos no mundo, é conhecida por seus diversos benefícios. Muitos relatam melhorias no humor, no estado de alerta e na vigilância após o consumo de cafeína. Estudos recentes, inclusive, sugerem que essa substância pode potencializar os efeitos do tratamento da depressão. No entanto, a relação da cafeína com a saúde mental é complexa e apresenta facetas preocupantes, especialmente em pessoas que sofrem de transtornos de ansiedade.

Pesquisas indicam que o consumo excessivo de cafeína pode estar ligado a um aumento da ansiedade e até a episódios de pânico. Isso é particularmente relevante para aqueles que já são diagnosticados com transtorno de pânico. Muitos desses pacientes são sensíveis a diferentes gatilhos externos, especialmente após a vivência de experiências estressantes. Essa sensibilidade se torna mais grave com a ingestão de substâncias como a cafeína.

Um estudo de revisão publicado em 2021 na revista General Hospital Psychiatry analisou dez pesquisas que envolveram 244 indivíduos diagnosticados com transtorno de pânico. De acordo com esse estudo, a cafeína em doses superiores a cinco xícaras de café por dia está associada a um aumento da suscetibilidade a ataques de pânico. Curiosamente, a substância também pode exacerbar a sensação de ansiedade em pessoas que não diagnosticadas. Essa revelação trouxe novos questionamentos sobre os efeitos adversos da cafeína na saúde mental.

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A metodologia utilizada no estudo envolveu a administração controlada de placebo e cafeína entre os participantes. Essa abordagem ajudou a isolar os efeitos da substância em um contexto controlado. Entretanto, mecanismos pelos quais a cafeína pode desencadear pânicos permanecem ainda pouco compreendidos e necessitam de mais investigação.

Parte das explicações sobre essa relação podem ser encontradas sob uma perspectiva psicológica. Pessoas que sofrem de transtorno de pânico podem, em muitas ocasiões, interpretar erroneamente sinais corporais. Por exemplo, alguns indivíduos podem associar o aumento da frequência cardíaca ao risco iminente de um ataque cardíaco, gerando uma autoconfirmação de medo e ansiedade. Essa interpretação distorcida da realidade pode ser agravada pela utilização da cafeína.

No que diz respeito ao funcionamento do sistema nervoso, a cafeína interfere em receptores importantes que regulam funções essenciais, como a respiração, a frequência cardíaca e a detecção de ameaças. Essas interferências podem, em grande parte, contribuir para o agravamento de sintomas de pânico. Assim, quando a cafeína é consumida em grandes quantidades, suas consequências podem incluir não apenas aumentos na ansiedade, mas também sintomas físicos intensos, como suor excessivo e irregularidades cardíacas.

Adicionalmente, acredita-se que doses elevadas de cafeína possam também impactar negativamente o crescimento fetal em gestantes. Apesar disso, especialistas afirmam que 200 miligramas de cafeína por vez — cerca de duas xícaras de café — não são geralmente prejudiciais para adultos saudáveis. As diretrizes atuais consideram seguras doses de até 400 miligramas por dia, mas a tolerância pode variar de pessoa para pessoa, o que exige cautela.

É imprescindível que indivíduos que sofrem de ansiedade, especialmente aqueles com diagnóstico de transtorno de pânico, considerem a redução do consumo de cafeína. A conscientização sobre os efeitos da substância pode atuar como um passo importante na gestão de seus sintomas.

Portanto, enquanto a cafeína pode proporcionar uma quantidade de benefícios notáveis, ela também pode representar riscos à saúde mental. O impacto negativo da cafeína em alguns grupos, especialmente em usuários suscetíveis, não pode ser negligenciado. Mais estudos são necessários para elucidar completamente essa relação. O conhecimento continua a crescer, e a compreensão de como a cafeína afeta a saúde mental é cada vez mais importante em um mundo que depende tanto de estimulantes para o dia a dia.

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