A FAPESP e o Fundo para o Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia (FDCT) de Macau, na China, assinaram em 3 de abril um acordo de cooperação científica e tecnológica. Este acordo visa o financiamento conjunto de projetos de pesquisa em diversas áreas do conhecimento, além de promover parcerias para a organização de seminários, workshops e atividades de intercâmbio científico.
Durante a cerimônia de assinatura, também foi lançado o primeiro edital colaborativo, com foco nas áreas de biomedicina, inteligência artificial, tecnologia oceânica, agricultura e ciência espacial. A submissão de propostas estará aberta até 13 de junho pelo Sistema de Apoio à Gestão (SAGe).
Cada projeto selecionado terá duração de três anos, com a FAPESP financiando até R$ 600 mil e o FDCT contribuindo com um montante equivalente para a parte chinesa do projeto. As propostas devem incluir um pesquisador responsável do Estado de São Paulo e outro afiliado a uma entidade de Macau.
O presidente da FAPESP, Marco Antonio Zago, destacou que a colaboração entre Macau e o Estado de São Paulo representa uma grande oportunidade para avançar em pesquisas relevantes. Ele enfatizou a importância do acordo e do edital como passos significativos para estreitar laços entre as pesquisas realizadas nas duas regiões, o que deve ser intensificado com ações futuras.
Che Weng Keong, presidente do FDCT, reforçou que o acordo é um marco no intercâmbio científico e na colaboração em pesquisa entre Macau e São Paulo, afirmando que juntos é possível enfrentar desafios globais.
Segundo Marcio de Castro, diretor científico da FAPESP, o edital se concentra em áreas-chave da ciência e tecnologia, com o potencial de alavancar os pontos fortes dos pesquisadores de ambas as regiões.
Para o evento, o FDCT trouxe uma delegação com cientistas renomados nas cinco áreas cobertas pelo edital, que visitaram importantes centros de pesquisa em São Paulo para se conectar com cientistas e identificar temas de pesquisa relevantes.
Ge Wei, vice-reitor da Universidade de Macau, mencionou que a Faculdade de Ciências Médicas da instituição trabalha em áreas estratégicas como oncologia de precisão e controle de qualidade em medicina tradicional chinesa. Ele reconhece o potencial de colaboração entre o Brasil, rico em recursos naturais, e a medicina tradicional chinesa.
No âmbito das biociências, Vanessa Zambelli, pesquisadora do Instituto Butantan, apresentou trabalhos sobre desenvolvimento de fármacos anti-inflamatórios e a criação de biobancos de venenos, peptídeos e toxinas de animais.
Macau, localizado na costa sul da China, é um território autônomo que faz parte do Corredor de Inovação Científica e Tecnológica "Guangzhou-Shenzhen-Hong Kong-Macau", uma área de cooperação que se destaca no desenvolvimento econômico e inovação. O território foi colônia portuguesa de 1557 a 1999.
Durante o evento, Che Weng Keong destacou a função de Macau como um elo entre a China e os países lusófonos, mencionando a criação do Centre for Science and Technology Exchange and Cooperation between China and Portuguese-Speaking Countries (CSTCP), apoiado pelo governo chinês.
A Universidade da Cidade de Macau (UCM) também pesquisa a integração de inteligência artificial com a língua portuguesa. O professor Wen-Jian Liu relatou projetos que utilizam tecnologia para ajudar no ensino do português e outras disciplinas em contextos médicos.
Na mesma linha, o Centro de Inteligência Artificial (C4AI) da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a FAPESP e a IBM, desenvolve projetos que utilizam inteligência artificial em diversas áreas. Um deles visa o ensino de línguas indígenas e o desenvolvimento de ferramentas para sua preservação, enquanto outro se concentra no aprimoramento do processamento de linguagem natural em português.
Para mais informações sobre a chamada de propostas, consulte: fapesp.br/17500/.
Informações da Agência FAPESP