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Um YouTube que você não consegue acessar

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YouTube: O Vale Escuro das Widg da Internet

Atualmente, o YouTube é uma das plataformas de compartilhamento de vídeos mais acessadas do mundo. Diariamente, bilhões de horas de conteúdo são consumidas por usuários que, em muitos casos, estabelecem uma conexão mais forte com youtubers do que com produções de grandes estúdios de cinema. No entanto, essa ferramenta transcende a mera criação de vídeos virais, desempenhando um papel significativo em nossa sociedade, conforme revelam pesquisas da Iniciativa para Infraestrutura Pública Digital da Universidade de Massachusetts Amherst, nos Estados Unidos.

Fortemente voltado para diversão e entretenimento que conquistam multidões, o YouTube apresenta uma faceta menos visível, uma realidade em que muitos vídeos não alcançam a fama e permanecem escondidos no vasto oceano da plataforma. Um dos principais responsáveis por explorar essa questão é o pesquisador Ryan McGrady, que liderou uma investigação profunda sobre o fenômeno.

Uma amostra aleatória do YouTube

Ryan e sua equipe elaboraram uma ferramenta inovadora que desafia o algoritmo do YouTube, buscando vídeos de forma aleatória. Ao longo dessa busca, foram analisados mais de 18 trilhões de URLs potenciais, resultando em uma amostra significativa que permitiu uma análise científica profunda sobre o verdadeiro funcionamento da plataforma. O próprio McGrady compartiladiou suas reflexões:

“Passado um mês imerso nesta amostra verdadeira do YouTube, percebi que a realidade é mais rica do que se imagina. Encontrei um espaço de expressão genuína, uma dimensão que o algoritmo inclusivo do YouTube parece ignorar”, declarou McGrady.

Os dados revelaram que muitos vídeos no YouTube não têm a intenção de viralizar. Essas postagens são criadas, na maioria dos casos, como um “sótão digital”, onde indivíduos armazenam memórias e momentos de suas vidas. Na prática, isso significa que cerca de 41 visualizações é o número médio recebido por vídeos considerados medianos. Surpreendentemente, ainda que um vídeo tenha mais de 130 visualizações, ele pode ser classificado como um dos mais populares ou acessados na plataforma.

O lado oculto do YouTube

Este fenômeno gera uma preocupação premente: o YouTube esconde milhões de posts que merecem reconhecimento e visibilidade. Nas palavras de McGrady, “é uma internet não conformada às pressões por cliques e likes”. Esses dados parecem indicar uma grande porção da plataforma torna-se quase invisível para os usuários comuns.

É no Sul da Ásia que o YouTube apresenta um papel social marcante. Por lá, essa rede social serve como um meio de enviar mensagens em formato de vídeo para pessoas que lidam com barreiras de acesso à informação. Os vídeos criados dentro desse contexto desejam conectar amigos e familiares, mostrando que o verdadeiro valor de um conteúdo muitas vezes reside nas interações pessoais. Para esses grupos, o feedback obtido vem de conhecidos e não de uma ampla audiência, amplificando a sensação de comunidade local.

No entanto, existem críticas em relação às alegações de que o algoritmo bloqueia o acesso a tais conteúdos menos populares. O departamento de comunicação do YouTube se manifestou afirmando que a premissa de que a plataforma exclui intencionalmente vídeos com baixas visualizações não é verdadeira. A intenção do algoritmo, segundo a empresa, é guiar os usuários em uma experiência que enriquece, promovendo conteúdos direcionados ao que o usuário deseja saber. Em alguns casos, vídeos pouco visualizados podem ser recomendados, completou o YouTube em nota.

Em última análise, o que se destaca dessa análise sobre o YouTube é o reconhecimento de que a plataforma abrange não apenas o entretenimento, mas também a constituição de uma rede social alternativa que conecta seres humanos por meio da compartilhamento da vida cotidiana e suas histórias. Neste espaço digital, muitos se encontram dispostos a caçar o significado, ainda que a produção não busque a viralização. Neste contexto, entender o YouTube mais como um arquétipo básico de autoexpressão humana e menos como um quadro de competição incessante pelo sucesso pode resultar em novas compreensões sobre o mundo digital que nos rodeia.

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